terça-feira, 17 de junho de 2008

Valsa Vienense

Eu queria ter um sonho simples. Dançar valsa em Veneza, por exemplo.
Eu sou o louco que salta do precipício. Não sei se tenho asas, se sei voar, se terá alguém esperando lá embaixo. Só salto. Dançar valsa em Veneza é ter uma certeza.
Eu já li o futuro de tanta gente, no entanto, o meu não sei.
Se eu quisesse dançar valsa em Veneza, eu teria um sonho, uma meta, um objetivo. Não me deixaria arrastar pelas ondas dos dias. Cada manhã eu acordaria sabendo onde, exatamente, deveria chegar.
Eu economizaria, compraria as passagens, chegaria em Veneza, conheceria a cidade, andaria de gôndola e dançaria uma valsa. Pronto!
Nem precisaria haver música, eu poderia cantarolar. Nem precisaria haver um par, eu improvisaria com o ar. O que importa é que, desta forma, se meu sonho fosse dançar valsa em Veneza eu o teria realizado.
E depois? Depois era ser feliz, ora.
Não achamos sempre que realizando ‘aquele’ sonho seremos felizes? Então.
Talvez a história funcione melhor com velhos. Depois de dançar eu poderia morrer em paz. Mas minha idade é curta e a linha da vida é longa. Então precisaria ter outro sonho, coisa que quebra todo roteiro inicial.
Humpf. Deixo que uma mulher que tinha muitos sonhos e acabou cometendo suicídio explique melhor:

Figos
De Sylvia Plath
Em A Redoma de Vidro

"...Vi minha vida se desenrolar diante de mim como uma figueira de um conto que havia lido. Da ponta de cada ramo, um gordo figo roxo acenava e me seduzia com um futuro maravilhoso. Um figo significava um marido e um lar feliz com filhos, outro era uma poetisa famosa, outro uma professora, outro era Esther Greenwood, a surpreendente editora, outro era a Europa, a África e a América do Sul, outro Constantin e Sócrates e Átila, um bando de amantes com nomes esquisitos e profissões originais, outro ainda era uma campeã olímpica, e acima de todos esses figos havia muitos outros que eu não conseguia entender. Vi-me sentada sob essa figueira, morrendo de fome, só porque não conseguia decidir qual figo escolheria. Queria-os todos, e escolher um siginificava perder o resto. Incapaz de me decidir, os figos começavam a murchar e apodrecer, e um a um caiam no chão a meus pés..."

2 comentários:

  1. É meu mano, as possibilidades são muitas, as escolhas complicadas. Mesmo assim, não devemos preteri-las... Vc mesmo me ensinou hj que "O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos."
    Eu tenho coragem, sei o que perco com isso, mas sei tbm que é preciso. Pode até doer e não fazer mto sentido agora, mas sei que no futuro fará.
    O mesmo vale para a valsa. E sobre essa dança... dance.
    Dance valsa em Veneza, em Paris, em Lisboa, ou no seu quarto mesmo, se isso lhe faz melhor. Só não deixe de querer dançar, isso nunca.
    Mesmo que este sonho seja realizado e venha o "e o depois?" lembre que há sempre um novo passo de dança a se aprender...

    Tbm te amo muito irmão meu!
    Obrigada, de coração.

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  2. É a efemeridade da vida! Se não é ela, quem mais impede que tenhamos todos os tão deliciosos figos!?! Não.. não é gula...
    Acredito sim que são nossos sonhos que nos impulsionam sempre em frente, não importando se são realizaveis ou não...
    E o melhor dessa dança não esta em dar os passos no salão, mas em acreditar que talvez, quem sabe um dia ela possa ser real...
    Adorei a analogia ^^ A citação no texto me deixou muito curioso e me fez refletir sobre os sonhos que eu terei de abrir mão para ter outros...

    Obrigado pelos comentarios. Fico muito feliz que prestige meu blog. ^^
    Abração!

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