Ela cola tudo sem formatação. E escreve em caixa baixa, de jacarandá. Ela quer escolher a cor, mas não consegue se decidir, então deixa tudo marrom, como se da cor-de-terra fosse brotar algo. Não brota.
Ela vaga pelos bares procurando pares e vagas, não encontra. Ela quer fazer parte de onde ninguém a quer. Mulher. Mulher que é, destempera-se com as fases da lua, ora escreve com rimas, ora nua.
(E rima "lua" com "nua", o que é pior)
Ela bate nas portas das editoras que batem-lhe as portas na cara. Parece justo. Ela persegue escritores também, já comentei? Ela manda e-mails de madrugada, tenta ganhar votos em concursos, tenta publicar poemas em jornais semanais. Não consegue. Nem matando - de vez em quando - ela vira notícia.
Ela se diz escritora, poetisa, autora e tradutora. Às vezes, de noite, se acha impostora, mas isso ela não conta. De manhã já esqueceu, manda outro envelope para outro concurso. Escolhe codinome de homem. Apela para mantras, numerologia, astrologia e agronomia avançada. Não brota a sorte, não brota a escrita, não brota nada.
Triste quem tenta ser o que não é...
ResponderExcluirTalvez haja outro talento para brotar...
ResponderExcluirNão é tudo que pode crescer na alma
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