terça-feira, 16 de setembro de 2008

Culpado!

“São os homens inteligentes demais para a vida relativamente ociosa que levam e na qual não se realizam as suas faculdades”

Escrever para quê, se todas as páginas amarelam?
Pintar para quê, se todas as telas mofam?
Viver para quê, se todas as pessoas morrem?
É exatamente disso que estamos falando, a insignificância da vida. O que deu certo, até agora? Porque pensando assim, bem rápido, calculando meio por cima, se descontarmos todas as coisas que deram errado, o que sobra? Nada. Estamos no vermelho, devendo para a vida.
É agridoce o sarcasmo de um destino que lhe abre as portas, mas não deixa passar. Eu procuro incansável, o culpado, a saída, a resposta. Não encontro.
Do que depende a vida, esforço ou sorte?
A sorte não tenho. O esforço não faço.
Sento nestas cadeiras quebradas, imaginando a desgraça de não ter a vida que quero, olhando para as cartas que já não trazem boas novas, mentindo que acredito num futuro melhor.
Não quero o melhor depois. Não quero deixar o chocolate para o fim. Quero o gosto doce agora, porque depois é sempre tarde demais.
É duro ver gente tão pior que você se dando bem. Não é inveja, juro, é desconsolo. De que adianta talento se não há oportunidade? Páginas que amarelam, telas que mofam, pessoas que morrem.
Tudo em volta dando errado.
Sejamos sinceros, quem aqui é o responsável? Que apareça o culpado.
Juro, tenho medo de invocá-lo assim, medo de que ele apareça ali no espelho.

Um comentário:

  1. E nunca o espelho me culpou tanto quanto agora.
    Obrigada mano, eu precisava ler isso.
    Chegou a hora de parar de bancar a vítima quando na verdade sou a culpada.

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