sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cream Cracker

Às vezes eu acho que você não tem mais fome. Sequer tem vontade de comer. Também, tenho sempre o mesmo gosto: água e sal... Ainda assim você me tritura entre os dedos, quebra pedacinho por pedacinho, coloca na boca e mastiga com tédio. Responda-me: é puro costume? é falta de opção melhor?

Porque fome... fome não é. Eu me quebro todo, me esfarelo todo, me perco todo no chão aos seus pés. E você não liga, porque eu não passo de seu. Então você pode desperdiçar, jogar fora, transformar em pó o que já não serve.

E eu não mereço destino melhor? Não. Acho que não. Porque de tão salgado já nem as formigas me querem. Mais uma vez, desculpe. É que eu não sei me transformar em biscoito fino.

5 comentários:

  1. "Vê se ao menos me engole bem
    mas não me mastigue assim"

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  2. - Lembrei-me de ti, quando beijara teu rosto de homem, devagar, devagar beijara, e quando chegara o momento de beijar teus olhos - lembrei-me de que então eu havia sentido o sal na minha boca, e que o sal de lágrimas nos teus olhos era o meu amor ti. Mas, o que mais me havia ligado em susto de amor, fora, no fundo do fundo do sal, tua substância insossa e inocente e infantil: ao meu beijo tua vida mais profundamente insípida me era dada, e beijar teu rosto era insosso e ocupado trabalho paciente de amor, era mulher tecendo um homem, assim como me havia tecido, neutro artesanato de vida.

    Beijos.

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  3. Ai! Doeu!
    Me senti uma cream cracker...!
    E lmbrei d pessoas que fizeram com que eu me sentisse assim...!

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  4. Escreves muito bem! Curti seu espaço! Estou te seguindo, me segue lá também! Abraços! Valeu pelo recado!

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  5. Mas você pode virar uma coisa fina sim. Permita me triturá-lo, jogá-lo numa panela com leite condensado, chocolate em pó, mexer tudo muito bem até ficar bem grosso, depois despejá-lo num refratário, prensá-lo e levá-lo a geladeira. Fica uma delícia!!!

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