segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia dos professores


Engenheiro, veterinário, artista, psicólogo, jornalista... Tudo isso eu já quis ser. Professor não.

Professor eu não quis ser.

Minha boa vontade para com a escrita me fez enredar por caminhos que a utilizassem também. A princípio o jornalismo. Mas um estágio e a falta de vocação me fizeram mudar de ideia, ainda no primeiro ano de faculdade. Mas para onde ir? Letras parecia a opção mais afim da escrita. Sim, na época eu já pensava em escrever.

Apesar disso, a  perceptiva de emprego, salário, tipo de trabalho, etc... parecia influir em mim. Até que veio uma certa mariposa e me disse: “Esqueça todo o resto. Você deve estudar o que você ama, o que lhe dá paixão. Você não estuda por um emprego, por um salário... você estuda por você e para a vida. Então estude o que te dá prazer. Estude o que você mais ama. Você vai ver como todo resto é consequência.”

Estudar o que eu mais amava... Era o conselho mais simples que eu já recebera. No entanto, eu sabia que conselheiro vocacional nenhum teria a sabedoria de luz dessa mariposa. O que eu mais amava? Literatura. Fui então para a faculdade de Letras, sem medos.

Tudo transcorria como em sonho. Especialmente em algumas aulas fascinantes de Literatura e Língua Portuguesa. As letras eram apaixonantes. E de repente eu me vi fascinado também pela função de ensinar, de educar, de lidar com pessoas em formação, com sonhos. 

Eu me tornava, aos poucos, irremediavelmente professor. E, pior, daqueles idealistas, do tipo que eu admirava em filmes como “Mentes brilhantes”, “O sorriso de Mona Lisa” e “Escritores da Liberdade”.

No meu primeiro estágio – repleto de medo – fui para frente de uma turma de EJA. Eu tinha 20 anos. Alguns de meus alunos, mais de 60. E eles me chamavam de senhor... Foi uma experiência ímpar. Foi o que eu precisava para me convencer de que, enfim, eu nascera mesmo para aquilo.

Tivemos 4 estágios. E em alguns deles, confesso, as ideias foram melhores que as execuções. Ainda havia insegurança e pudor em mim. Porém, tudo se dissipou quando assumi as minhas primeiras turmas. 

Nada se compara ao prazer de ter sua própria turma. De saber que não é temporário. De saber que o objetivo não é ser avaliado, mas ensinar, fascinar para o saber, mudar concepções, ajudar a construir sonhos.

É.... eu não escolhi ser professor, ser professor é que me escolheu. E só me cabe, então,  tentar ficar à altura dessa profissão.

Sei que não acerto sempre. Torço, porém, para estar acertando mais do que errando... Se é que isso é possível.. Não sei. Ser professor é tão subjetivo quanto a minha literatura. E tão emocionante quanto, também. Sei que estou tecendo pequenas diferenças. E nada se compara à possibilidade de mudar a vida de alguém. Se a cada ano eu puder acender uma luz na penumbra de um aluno, um aluno que seja, eu tenho certeza de que a escolha foi bem feita. De que eu estou sendo, enfim, professor.

Um comentário:

  1. Tem coisas que não escolhemos, somos.

    Parabéns por ser um professor meu caro.

    Abraços

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