Às vezes o que se sente não cabe na prosa, escapa dos pontos e linhas, é poesia líquida. Às vezes o que se sente não cabe na fala, cala. E não adianta sentar no balanço, enquanto a chuva não vem e a delicadeza é amarela. Não adianta pensar em rimas ricas e em todos os conceitos de Schiller.
Às vezes o que se sente não cabe no peito, se espalha, e eu então respeito. Deixo o sentir ser carne, pelos, pés. Pés ora no céu, ora no chão. Balanço na contramão.
Às vezes o que se sente não tem desculpa, portanto não tem, também, culpa. Às vezes o que se sente é libertação e liberdade não pede perdão.
Às vezes o que se sente vira sonho, lembrança. E é verde. Verde-esperança, a colocar tudo de ponta cabeça, a rebobinar céus e a cortar da fita os erros. Não, os erros não, a consciência do errado, a mordida no fruto, o início do pecado. O Éden todo refeito por nós.
Sim, às vezes o que se sente é poesia. Inútil botar em palavras, não cabe, vira folia. Não folia de quarto bagunçado e meia no chão. Folia de carnaval. Sentir de arlequim sorrindo, dançando consigo mesmo, sem máscara, bem no meio do salão.
Sentir, encontrar o que há de livre dentro de si.
ResponderExcluirBelo texto, Vinícius. Estou levando para postar na Academia Virtual de Escritores Clandestinos (no facebook). Abraços
ResponderExcluirAdoro seus textos...
ResponderExcluirbelo texto, gostei muito
ResponderExcluirÉ bom quando um homem sonha.
ResponderExcluirMuito bom este texto.