Foi no jardim, a Profe Marli nos fez ensaiar, ensaiar e ensaiar a apresentação do dia das mães. Havia uma música, provavelmente, e algum tipo de coreografia também. Não me lembro. No final, cada um segurando uma rosa deveria encontrar sua mãe no auditório e correr até ela.
A Profe mandou um bilhete para cada mãe, avisando data, horário e local. Minha mãe não recebeu o bilhete. Entre brincadeiras e risos e confusões, eu acabei esquecendo de entregá-lo.
Quando as cortinas se abriram, todos se preocuparam mais em procurar a própria mãe do que em fazer o que havia sido ensaiado. Batíamos uns nos outros, embasbacados, boquiabertos, simplesmente olhando e procurando nossas mães.
Quem encontrava a sua, apontava, comentava, ria com os outros.
Eu procurei por todo o tempo da música.
Quem sabe ela sentara lá atrás... Quem sabe ela estava escondida... Quem sabe eu não olhara direito...
A música terminou, o palco esvaziou, só eu fiquei lá, parado, de rosa na mão.
Lembro da Profe Marli ter soltado a própria filha – que era minha colega – e ter corrido me abraçar.
As cortinas fecharam.
E eu não entendia...
Eu não ligava a ausência ao fato de eu ter esquecido de entregar o convite. Eu não ligava nada a nada...
Os alunos foram liberados.
Lembro que naquele dia eu atravessei a cidade inteira com uma mão nas costas, agarrada firmemente à rosa.
Eu levava a rosa assim para surpreender minha mãe. Para que ela ficasse feliz. Para que me desse o abraço que me deu e dissesse que me amava, bem como disse.
Ela não fora à apresentação, mas eu sabia que estava em casa e que esperava por mim...
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