quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sou todo feito de cacos e demolições, graçazadeus.

‎"Um dia, perguntou-me por que andava eu tão diferente. Respondi-lhe risonha, empregando os termos de Hegel, ouvidos pela boca do meu examinador. Disse-lhe que o primitivo equilíbrio tinha-se rompido e formara-se um novo, com outra base."
{Clarice Lispector}

Romper suas estruturas e fundações sempre é uma experiência interessante. Interessante, não indolor. Algumas vezes tudo que você construiu como "você" se desmancha, vira pó e escombros. Às vezes só sacode, como diante de um terremoto forte.

De qualquer modo, pó ou não, depois você percebe que tem diante de si uma base nova. Melhor, mais sólida, com erros de cálculos evitados. Você percebe que pode restaurar o "você" a partir daquilo, que pode reerguer alguém melhor, mais completo, mais feliz. Há outro base toda construída para fornecer o equilíbrio perdido. E, superados os primeiros traumas da demolição, você se reergue, com outros materiais, com outras cores, com outras vidas dentro de si.

E depois, olhando para o "você" novo, só o que pode vir é a satisfação. Ou, talvez, o arrependimento de não ter se destruído antes, só para poder se construir melhor.


2 comentários:

  1. Há muitas partes de nós que terão que ficar para trás.

    Seremos muitos rascunhos antes de uma verdade.

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  2. Estou com o fósforo em mãos... A pólvora já está toda entre minha vida... O que nascerá?
    Medo... mas a certeza de que poderei, depois disso, voar !!!

    Bjs cincodezembrista querido !!!

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