sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dúvidas que alguém tem

"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
"

Será que algum dia alguém vai me ler com a mesma paixão com que leio Clarice?
Ou alguém virá dizer que não entendeu nada do que eu escrevi?
Talvez digam que eu bebia, fumava... escrevia enquanto “viajava”.
Quem sabe ainda estarei na capa de um TCC, não meu.
Será que algum dia vão espremer minhas linhas para tirar minha vida da superfície do que não se leu?
Eles pensarão então que meus contos, os mais tontos, foram coisas que eu falsamente vivi.
Já vejo um estudante enjoado, obrigado a me ler. Procure resumos na internet, porque amanhã é dia de vestibular.
Mas a cada dez obrigados, há um (será?) que pelo menos me lê com prazer repentino.
Alguém que guarda minhas obras para serem lidas aos poucos, para nunca acabarem.
Antevejo o futuro sombrio e distante, meus livros empoeirando à estante, intocáveis pelo barulho das horas.
Estarei onde? No sebo, na livraria, nos vendedores ambulantes, na portaria?

— Oi. Você tem algum livro de.. Como é mesmo o nome dele? Acho que é Vinicius Limé...
— Não seria Linné?
— É... pode ser.

E agora? Está esgotado, desbotado, estragado, emprestado?
Deixe-me, Deus, ver só mais um pouco, preciso saber.
O que, afinal, o homem da biblioteca irá responder?



4 comentários:

  1. Posso encomendar? te passo meu endereço. Beijos, Darwen.

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  2. li, li e li... depois de alguns calafrios lendo eu entendi o porque deles.

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  3. Gosto de pensar que depois de pronto, meus textos se tornam uma parte independente de mim, e seu destino é tão vago como um filho que parte para a vida.
    E de todo o mérito da sua qualidade, eu como autor, me torno, apenas uma referencia, para posteriores buscas.

    Abraços e Parabéns pelo texto realmente muito bom.

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