terça-feira, 29 de setembro de 2009

O colecionador de tuas borboletas

É minha a mais bela coleção de borboletas já sonhadas. Alfinetes nas asas, isopor nos pés, vidros isolando à imensidão, nada disso. Todas elas, fadas aladas, me batem presas ao peito, debatendo-se umas nas outras, às voltas de um coração que é todo amor.

Teus olhos são minhas borboletas brilhantes, pequeninas, de uma grandiosidade quase marrom. Gosto quando pousam em mim, exagerando qualquer ínfimo traço de uma beleza inventada. Gosto destas duas quando, lânguidas, provocativas, insinuantes, me chamejam. Gosto quando batem asas delicadas, entre risos de deleite. Gosto quando voam, perseguindo os olhos meus. Gosto mais ainda quando neles pousam, tocando uma alma que é só tua.

Teus lábios são minhas borboletas rubras, que mesmo em sede de desatino, esperam o mel cair-lhes à boca. Têm tracejados delicados, textura aveludada e um farfalhar de asas que me enche de arrepios. Elas pousam úmidas, onde querem, aquecendo gelos, desdobrando amores e causando desvarios.

Tuas mãos são minhas borboletas brancas. Lívidas asas, com cinco pintas cada uma. Pintas que mudam de cor conforme os dias. Essas são fadas gentis, delicadas e graciosas, uma delas até usa jóia de prata pura. À noite, para dormir, pousam e fazem casulo no meu peito nu. Borboletas de asas leves, arranhões esguios e força frágil. Tentam às vezes me envolver inteiro, mas, pequeninas que são, perdem-se nos meus traços mais viris. Borboletas que me adulam, aquecem e afagam.

Há outras? Sim, há outras mais. Borboletas valiosas que são só minhas, escondidas no meu pensar, ocultas do meu falar, deleitadas no meu sentir. E é por isso, só por isso, que te amo. Porque te amar, é cair no vôo das borboletas.

3 comentários:

  1. Criaturas que voam são sempre as mais fascinantes.
    Sorte das borboletas, dos anjos e das mariposas...
    Beijão

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  2. li seu texto pela seigunda vez. Me fascinou ainda mais.

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