sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Papéis... Papéis...

Então agora, para receber um papel que diz que estudei, preciso entregar (de novo) cópias de todos meus outros papéis? Sim. E já estou fora do prazo. Preciso entregar a prova de que fui incluído no Registro Geral e documento que ateste minha inclusão no Cadastro de Pessoa Física. Preciso provar que já fui registrado, cadastrado, catalogado e numerado. Ah, e preciso comprovar também que o exército não me quis e que voto desde os 18 anos. A barbárie maior é ainda provar que nasci.

Mas não é lógico? Se tive que me registrar, cadastrar, dispensar, votar, pois não é lógico que nasci primeiro? Sim, porque em cada fase tive que provar de novo, com papel escrito errado (nele consta Ibirubá, onde deveria estar Passo Fundo) que algum dia fui parido.

I was born, tá legal? Juro! É que para mim, papéis não tem importância, a menos que tragam escrito algum poema ou história. Então extravio meus documentos e nunca, nunquinha (digo isso com orgulho) encontrei minha certidão de nascimento sem antes revirar a casa toda.

Eu sei, sei sim, onde está aquele poema que escrevi na 7ª série, na última folha riscada do caderno de matemática. Mas a certidão não faço idéia de onde se escondeu desta vez. E preciso dela com urgência, caso contrário não me dão o outro papel, ao qual devo confessar que também não dou importância.

Um diploma (ou a falta de) não atesta nada do que passei, nada do que aprendi, nada do que me inspirei, nada do que vivi. O fascínio do que conheci está documentado nos meus cadernos rotos, está gravado no brilho de neurônios gastos e isso ninguém me tira (com ou sem papel).

Quando eu for Rei, farei a abolição de todos papéis. Chega de documentos com números infinitos para provar que nascemos, estudamos, casamos ou morremos (sim, porque um dia terão que fazer outro documento atestando que não sou mais nascido). A palavra de um homem deve bastar, ou então que cada um escreva um poema dizendo quem é, o carregue no bolso e que isso sirva por todos os outros papéis. Tenho dito! Agora... Bom, agora vou voltar à busca da minha certidão. Santo Antônio que me ajude de uma vez.

3 comentários:

  1. Antes que perguntem...
    Sim, Santo Antônio me ajudou. ;)
    Encontrei a certidão na biblioteca, em meio aos meus livros de bruxaria.
    Aff, agora posso provar que algum dia nasci.

    ResponderExcluir
  2. hehehehe que coisa escabrosa o_O
    Se houvesse verdade acima de todas as coisas, e essa verdade predominasse entre os homens, só a palavra do homem bastaria.
    Tira um xerox de tudo e guarda em uma pasta, que depois vc pode morrer de procurar.
    beijos.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário.