Bússola apontando para o noroeste. Uva fora da estação. Xis vermelho na prova de matemática. Caminho que leva para rua sem saída. Caminhão na mão contrária. Mapa desenhado torto. Escola escrita com “i”. Buenos Aires como capital do Brasil. Número a mais no jogo do bicho. Baralho com 30 cartas. Desenho com o fogo de azul. Filhote de pato em ninhada de cisne. Quadro pregado torto. Farinha fora da validade. Fotografia com cabeça cortada. Disco de vinil com faixa arranhada. Página de ponta-cabeça. Vidro quebrado. Falta de troco no mercado. Mala enviada pro destino errado. Engano de telefonema à meia-noite. Quebra-cabeça sem uma peça...
Chega!
Até as coisas, imagino, cansam de estar sempre erradas. Talvez eu também tenha cansado de você vendo só os meus defeitos, apontando cada um deles, cobrando acertos que eu não posso ainda alcançar. Amor não interessa. Interessa a falta do teu filho. E para isso eu sou o homem errado. O número de carinhos não importa, só a quantidade de beijos de língua. Interessa o somatório dos teus colegas casados, interessa argolas de ouro nas mãos alheias, interessa a casa própria, o carro. Interessa a vida já estabilizada. Eu sou a resposta errada de mais essa equação. Pronto. Está bom assim? Está bom comigo dizendo que é assim que você me deixa? Como o número sempre negativo. Como a vírgula fora do lugar. Como aquela bússola apontando para noroeste. Um erro banal e grosseiro. Inteiro um erro.
E assim eu sigo na tua vida, contigo sempre me lembrando que estou sentado no assento errado. Pior do que isso, que estou ocupando o lugar de alguém que mereceria mais. Alguém que poderia ser mais do que eu posso. Tu sempre me dizendo que o meu lugar não é esse. Sempre ressaltando que estou atrasado. Sempre falando que paguei o valor errado. Sempre alertando que minha condução não é essa. Sempre.
Que merda. Só uma vez eu queria me sentir a pessoa certa.
Mas você não deixa.
Nunca.
Nunca.
Nossa, que forte! Não sei qual dos dois lados dessa história está mais tocado depois dessas palavras...
ResponderExcluirAdoro te ler!
Um abraço,
Kenia.
Concordo com o comentário acima, realmente é difícil saber quem se fere mais, quem magoa ou quem é magoado. Enfim, acredito que os dois. Eu tb ando tão cansada desses desencontros da vida...whatever.
ResponderExcluirSejamos felizes.
Beijos e Namastê
Que vida é essa que insiste em não ser feliz... Interessa o que falta e não há o que complete.
ResponderExcluirTanto tempo sem passar aqui.
ResponderExcluirE hoje, lendo quase tudooooo que eu perdi nesses dias, me confesso:
Sou apaixonada pelas suas palavras, seus escritos.
Em tudo, a gente (EU) me encontro.
Tantas passagens e labirintos da minha vida que eu li aqui, nas suas palavras, como se fossem minhas.
Você é baita escritor, porque escreve com a alma.
Um abraço imenso.
(Não ficarei tanto tempo sem ler tantas lindezas)
Encontrei suas letras e sua 'casa virtual' no blog da Sil 'Entre Aspas'... Encantado! Por isso, sigo-o, quero voltar qtas vezes for possível na sua casa...
ResponderExcluirAbçs*
É preciso deixar que o erro de um seja o acerto de outro.
ResponderExcluirhttp://literarock-rs.blogspot.com/2011/01/gostei-demais-deste-conto-do-meu-colega.html
ResponderExcluirTeu texto!