segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre meninos que escondiam palavras

A coberta era azul e o choro afogado nela talvez fosse de morte. Não sei. O quarto trancado. O menino de choro constante e miúdo. Os pais na sala, sem desconfiar.

Ele esfregava o rosto vermelho como que para lavar dele as palavras ricocheteadas. Talvez, se esfregasse por tempo suficiente, com força suficiente, deixasse de ter rosto. Deixasse de existir. E ele queria deixar de existir. Não sei. Era tarde, era inverno, era frio demais. E eu sinto.

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Caminhou pelo mesmo caminho. Como se andar na linha talvez fosse livrá-lo das armadilhas. Como se na rotina de não ser notado, ele parasse de ser visível. Como se ele tivesse força suficiente para sumir. Não tinha. Pensou em forca, faca, pílulas roubadas do armário da mãe. Tinha medo da dor. Coragem não tinha.

Agia, estúpido, como se dois ou três segundos - a dor de um corte - fosse mais profunda e pungente do que a dor crônica no peito. Do que a dor de ser. Do que a dor de existir-se. Mas ele só entenderia muito depois sobre a dimensão das dores. Naquela tarde de inverno preferia a dor de estar vivo.

E a cabeça latejava a cada passo. Ele só queria chegar em casa, trancar a porta do seu quarto e chorar. E chorar como se isso lavasse dele a tinta daquelas malditas palavras. Eram passos duros no caminho então estendido. Nunca durou tanto a volta da escola. Nunca ele quis tanto que a estrada nem terminasse. Que no asfalto duro um ônibus lhe esparramasse cadernos e palavras e sangue no chão. Sem dor, por favor.

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Na primeira esquina ele dobrou. Olhos turvos já pelas lágrimas. Pensando saídas. Os meninos menores da outra escola esbarravam nele. E ele subia a rua. Depressa, coração acelerado, caderno preso no centro do peito. O menino criara garras para defender aquelas suas folhas. Como se sua vida dependesse só do caderno continuar fechado.

Não dependia. Dependia, isso sim, dos outros desistirem daquela caçada. Não desistiriam. Numa olhada baça para trás ele os viu. Olhos de fome. Cães em busca da burra e covarde raposa. Cada vez mais perto. Corriam. E ele também. Escorregando, caindo, perdendo a mochila, mas segurando bem forte as palavras de dentro do caderno. Não. Elas não escapariam. Não poderiam.

O beco sem saída na entrada da outra escola. Caminho desconhecido, esquina errada, armadilha certa. E os olhos. Em cem anos ele não esquecerá dos olhos. Os outros todos estavam ali. Os vinte e seis. Vinte e seis meninas e meninos. E ele sozinho. Havia atravessado o campo do já-dito. E não poderia mais voltar. Estava declaradamente fora do mundo alheio. E o mundo alheio era o único possível.

Sim, ele ainda não havia enveredado em suas próprias ranhuras. Ele ainda não conhecia os cactos e as flores da noite que lhe nasciam entre os espinhos do corpo. A menina loira ia à frente. Dentes arreganhados. Sardas aos gritos. Olhos claros faiscando. Dedos apontando para ele. ALI! Cercaram-no.

Não. Injustos não foram. Deram-lhe opções. Ele é que de frágil e tonto recusou-se a aceitar a melhor delas. Podia escolher: ou apanharia de todos eles, até ir parar no hospital, ou entregava-lhes as palavras aquelas. Caderno contra o peito. Os vinte e seis gritando: BATE! BATE! BATE!

Porque naquele ponto o ódio já havia sido despertado. E depois de conjurado ele precisava da razão de existir pleno. As palavras já eram pretextos esquecidos. A sede era da dor alheia. Sempre há os que precisam dela. Ali vinte e seis beberiam da dor de um menino só. Ou da dor física. Ou da mortal dor moral.

Era frio. Ele suava. Não havia ninguém a lhe apoiar. Ninguém para dizer "foge, menino". Ninguém para dizer que sob aquele céu de chumbo a dor não precisava ser forjada. Eu não sei. E ele estendeu o caderno.

Estendeu e eles devoraram aquelas palavras, rasgaram a folha, picotearam a tinta. Riram. Jogaram as palavras todas de volta naquela cara suja de menino só. Comeram as palavras e cuspiram nele os pontiagudos ossos. Com escárnio. Com deboche. Com ódio. E, principalmente, com vontade. E era a vontade o que o assustava mais.

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Foi no meio da aula de matemática que lhe pegaram o caderno. Queriam copiar algum exercício. Era bom em matemática. Embora fosse substancialmente melhor em Literatura. Entre os cálculos, algumas palavras esquecidas. E a menina que pegou o caderno as encontrou. Por acaso. Como quem, ao não procurar nada, se deparasse com um segredo muito bom e feio e sujo.

Ela começou a ler, voz alta, timbre tenso. Ódio nascendo no peito. Os outros foram silenciando, ouvindo. Até o menino perceber o que era. O que estavam fazendo dele. Até ele sentir o sangue invadindo seus ossos. Seu peso dobrando de humilhação e vergonha. Conseguiu tomar o caderno antes que ela chegasse na metade. Conseguiu prender no peito as palavras.

Soou o sinal. Por um momento, não sei, ele pensou que talvez estivesse a salvo. Que poderia correr como o vento. Que poderia chegar em casa, seu esconderijo, e fingir que nada acontecera. Pensou que poderia disfarçar. Ficar em casa no dia seguinte. E nos outros, até que eles esquecessem daquelas palavras. Mas eles não esqueceriam. Quando ele deixou a sala de aula, o perseguiram feito matilha de cães hidrófobos.

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A tarde era azul. E ele era feliz. Feliz porque longe deles. Feliz porque cercado de palavras. Eles tinham os socos, os pontapés, as boladas na sua cara para serem felizes. Eles tinham a humilhação, o desprezo e os risos para torná-los melhores, mais fortes e saudáveis e plenos. Ele tinha as palavras. E fez delas sua maior riqueza. Sua arma de ataque e seu escudo fraco. Seu consolo de inverno e seu abrigo da solidão medonha dos treze anos.
Por descuido, por sortilégio, por inocência, por carinho apenas, guardou aquelas palavras - justo aquelas - dentro de um caderno. O caderno de matemática. E foi também, não sei, para que pudesse carregá-las consigo. Para que delas tirasse alguma força, algum alívio, algum bálsamo rápido para sua dores mais pequenas.

Como se, sozinho na sala, durante o recreio, ele pudesse lê-las e então alegrar-se com isso. E então suportar uma vez mais. Um dia mais. Até que a eternidade de tê-los em volta se dissipasse feito bruma. Até que eles não fossem mais do que a baça lembrança de um pesadelo.

Botou o caderno na mochila e foi feliz como quem não sabe do próprio destino. Feliz como quem sonha com grandezas e amizades e amores. Feliz como quem sonha com a distância. Não sei. Feliz como quem não quisesse, ainda, se matar.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Risco transversal

De repente as veias foram se abrindo, espasmadas em um grito-jorro de cor carmim. Não, ela não cortou os pulsos. Não, ela não queria tão ardentemente morrer. Só que suas veias abriram, no meio da tarde quente e azul.

Um problema.

Curiosa, ela olhou a pele na base de suas mãos. E dali o sangue lhe fugia todo. Não gritou. Não correu buscar ajuda. Não estancou a hemorragia com a revolta dos que se querem vivos. Sentou calma. Olhou as mãos vermelhas. A grama vermelha. Suas pernas vermelhas. Seus pés vermelhos. A pele dos braços cada vez mais branca. E esperou.

Quando o sangue já era só uma gota a pingar pelo dedo anelar, notou, aliviada, que já não sentia mais dor.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A Peregrina do Seminário (As Taperenses)*

São poucos os taperenses que podem dizer, sem leves mentiras, que moram bem perto do Coração de Jesus. Isso é privilégio daqueles – e daquelas – que moram no Bairro Seminário.

Bairro antes composto de campos macios, agora sofre uma urbanização assombrosa. As casas brotam como que do chão, cada qual no seu estilo próprio, tentando, com suas cores e traços, superar as demais.

A nossa bela de hoje não mora no Seminário, embora bem o quisesse. Ela só o visita, religiosamente e várias vezes ao dia. Quem pensa que tudo isso é em busca de milagre, vela e oração, está bem enganado. Ela vem é atrás de outro consolo: a roda de chimarrão.

Roda que em determinadas casas já virou carrossel, em cada assento uma fofoca de olhos graúdos e uma boca maior ainda. Não se sabe se é o amargo da vida ou da erva que faz com que essas mulheres tenham tanto furor pela vida alheia. E o fato é que Glorinha se juntava a elas, especialmente aos domingos.

Quem visse de fora e não conhecesse, pensaria mesmo ser romaria. Vem devota da língua de jipe, bicicleta, a pé e de montaria. Carro, táxi, patinete, garupa de moto e caminhão. Parece coisa filmada em frente à casa de milagreiro. Mas se reúnem todas é na casa da Matilda. E daí, meu filho, não escapa um nome da cidade inteira.

Começada a ladainha, nada mais põe fim. Rezam assim:

— Meu Deus, que absurdo. A Flávia com aquele de Selbach e a Marina com o marido da Danuza. E o Danilo que virou viado e fortuna que ajuntou o Rodrigo? E a Clarinha, filha da Mônica, irmã do Elivelton que engravidou e não sabe quem é o pai? Ah, mas isso é do Amadeu do Curtume. Então tu não sabia que eles tinham um caso? Ah, tinham. E ela agora diz que vai se matar. E a outra que morreu, heim? Capaz que tu não sabe?! Sim, diz que foi erro médico. Mas também naquele um eu não confio. Prefiro ir no veterinário. E o casamento da Dorinda? Convidou gente a não caber no salão. Eu fui, bebi e comi porque era de graça, mas pra falar a verdade nunca vi coisa mais cafona. Tu sabe que a gente não gosta de comentar, né, mas...

E assim iam dos mistérios gozosos aos dolorosos. De quem dormia com quem até quem explodira na sala de cirurgia. Coisa que se a D. Carochinha ouvisse, pedia era aposentadoria. Não havia história da qual não soubessem de cada detalhe, coisas que passariam despercebidas até para quem esteve lá.

Em meio a essa roda de invenção e falatório, de contos aumentados em vários pontos, presença imperdível era a tal da Glorinha. A mulher abandonava sua casa a qualquer hora da noite ou do dia, desde que pudesse levar ou trazer notícia fresquinha da casa de Matilda. No domingo era a primeira a chegar a última a sair. E olha que batiam concorrência para ver quem ficava até mais tarde.

É que coisa curiosa acontecia, as que ficavam malhavam a que saia. Era só Clotilde dizer que era tarde e que ia pra casa cuidar do marido para que:

— E a Clotilde? Souberam do que o marido aprontou? Sim, na cara dela. E ela finge que não vê. E aquela filha dela, heim?! Dando mais do que chuchu na cerca. E tu viu como ela enche a boca pra falar dela? “Porque a minha Márcia isso, a minha Márcia aquilo”, um nojo.

E o que mais queriam? Exigir ética em roda como a da Matilda? Não... Era assim. Se saia Clotilde era dela que falavam mais mal. Se saia Patrícia, faltava era ofensa para descrevê-la. E assim iam. Reza a lenda, inclusive, que ao sair a última, Matilda ainda ligava lá pra primeira, a fim de ter com quem comentar.

Fato é que, por causa da Glorinha, resolveram se informatizar. Fizeram Orkut, Facebook, MSN e resolveram digitalizar a fofoca. Coisa que, cedo ou tarde, daria problema.

E deu.

Numa das idas da Glorinha ao Seminário ela contou pra amiga segredo de confissão: largou o Márcio, pegou o João. Entre versos de “Capaz?!” e “Bem que tu fez!”, Matilda jurou seu sagrado sigilo, repetindo o a prece de toda fofoqueira: “porque tu sabe que minha boca é um túmulo. Um túmulo”. E a fofoca seria o quê? Um zumbi?

Zumbi ou não, foi o tempo de Glorinha chegar em casa e ver mensagem piscando no Facebook. Pois por parva, Matilda ao invés de mandar a mensagem para Clotilde, se confundiu com a janela aberta e mandou foi para Glorinha: “Clô do céu. E a Glorinha que veio aqui me contar que agora tá andando com o João?! Mas é ou não é uma puta?”

Pois puta foi como Glorinha ficou ao ler aquilo.

Aquele dia, na casa da Matilda não teve choro nem vela, teve foi imagem de Santo Expedito voando pela janela. Matilda apanhou tanto, mas tanto, que devolveu à natureza dois dos dentes da frente. E ficou um dia (ou quase, porque ainda conseguia escrever) sem falar mal de ninguém.

Quanto à Glorinha, puta ou não, diz que agora voltou para o Marcos. E, diz também, que já frequenta na progresso outra roda de Chimarrão.

* Esta é uma obra ficcional, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

terça-feira, 6 de março de 2012

Machado de Assis: o baiacu da Literatura Brasileira

“Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios.”

Lindo trecho, não?! Lindo para mim, para você e para todos aqueles que são amantes das belas letras. E que, além disso, sabem – ou pelo menos inferem – o sentido de “retórica”, “ressaca”, “vaga”, “cava”, “tragar”, “pêndulas” e “suplícios”. Sequer imagino como um leitor em formação, cursando uma sétima ou oitava série do Ensino Fundamental poderia deparar-se com ‘Dom Casmurro’ como leitura obrigatória.

É impossível não me remeter às crônicas de João Ubaldo Ribeiro em “A arte e a ciência de roubar galinhas”. Um dos temas recorrentes no livro é o baiacu. O peixe, bastante comum em Itaparica, ilha em que o escritor residia, é dono de um veneno mortal. Apesar disso, o peixe é considerado o mais saboroso de água salgada, desde que bem preparado.

As versões sobre onde se encontra o veneno e como tornar o peixe comestível variam de pessoa para pessoa, como mostra o escritor. Para alguns o veneno é proveniente de uma glândula, para outros, está nas escamas, e há ainda quem diga apenas morre aquele que comer baiacu em meses que tenham a letra ‘r’ no nome. Só o que não varia são os casos de famílias inteiras que morreram ao consumir a letal iguaria.

Machado de Assis, só posso pensar, é o Baiacu da Literatura Brasileira. Quando bem introduzido, bem preparado, bem sondado, bem explicado e fascinado, pode ser uma das experiências mais enriquecedoras em termos de leitura. Desde que na época certa e no contexto certo.

Os contos, especialmente, são de uma intrincada engenhosidade. Em ‘Pai contra Mãe’, por exemplo, além da contradição do título, o nome de cada personagem diz muito sobre a posição social que ocupam. É só lembrar: Cândido Neves, Clara... Mesmo os nomes de rua conversam com o enredo do conto: Rua do Parto, Rua da Ajuda, Rua da Alfândega.

Machado era mestre na arte de bem escrever, na ironia e na construção de seus enredos. Sem dúvida a leitura bem conduzida de suas obras é capaz de engrandecer a bagagem de qualquer leitor.

Quando essas mesmas obras, no entanto, são impostas como obrigatórias, fora de época, sem um pano de fundo, sem uma sondagem prévia e sem o acompanhamento necessário, produzem o mesmo efeito do baiacu mal preparado: são de um veneno mortífero.

A linguagem é carregada em estilo, estamos falando de uma obra com a fluência de 1899. O vocabulário é extremamente complexo, ainda mais se considerarmos alunos com um nível de leitura, compreensão e interpretação muito baixo. Além disso, a atmosfera densa que envolve Bento – outra grandeza de nome – e o faz amargo e desiludido, a suposta traição e tudo mais que sonda o livro não compõem uma realidade de vivências para leitores ainda tão novos.

Diante de tudo isso, obrigar quem deveria estar lendo J.K. Rowling, Meg Cabot, C.S. Lewis, Jay Asher, Marcos Rey, Pedro Bandeira a deparar-se com as vesículas prenhes do veneno de Machado de Assis é criar um novo empecilho à formação de leitores, jamais uma contribuição.

É preciso que se conheçam os caminhos da formação do leitor para embrenha-se nessa área. É por meio da Leitura que se chega à Literatura, o caminho inverso não se consegue fazer.

Machado de Assis pode sim – e deve – ser trabalhado em todas as épocas. Com seus contos, suas crônicas, com meios de conversa entre aquilo que se lê e a vivência dos alunos. Explicando contextos, costumes, épocas, vocábulos, criando expectativa e apontando sutilezas.

Como sugeriu Eric Chartiot, por que não trabalhar o conto “A Carteira” simulado ter encontrado uma carteira e discutindo com os alunos se é moral ou não usar aquele dinheiro? Por que não ir além, levar reportagens sobre pessoas que encontraram grandes quantias e as devolveram aos donos? Por que não perguntar o que eles fariam em tal situação?

Fazê-los, depois de tudo isso, ler e analisar o conto de Machado é, sem dúvida, preparar bem o baiacu. Torná-lo não só comestível, como também apetitoso. Dar significação ao texto é o que seduz o leitor a querer mais, a repetir o prato e a lamber os beiços no final de tudo.

De resto, é ter boa intenção, morrer pela boca e matar [o leitor] pelos olhos.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Dear Jhony

Primeiro a cachorrinha negra cruzou o portão, depois o gato preto e branco pulou por ele. Entraram na casa, cômodo por cômodo. Cheiraram as coisas, lamberam também, não me encontraram.

Passaram os quartos, corredores, salas e cozinha. Na garagem, que já clareava com o dia, outro gato dormia. Acordaram-no suavemente, com lambidas nos olhos. E ele não se assustou – como quando acordava de pesadelos. Ele não teve medo – como quando corria até de nós. Ele só ficou feliz de revê-los. Depois de tanto tempo.

Quando saiu da caixa e se esticou bem, sentiu-se estranhamente leve. Estranhamente bom. E partiu com eles. O gato mais velho na sua frente, ensinando as coisas que ele precisava aprender, como quando eram ambos ainda filhotes.

Meus amores antigos sempre foram assim. Sempre cuidaram dos meus amores mais novos.

Fique bem Jhony. Fique com eles.

sábado, 3 de março de 2012

Poesia Concreta II