terça-feira, 27 de abril de 2010

E Chove em Tapera IV

— Oi...
— Ah, oi... Nossa... Você tá de volta?
— Pois é...
— Visitando os parentes?
— Não... Voltei pra ficar.
— Ah, que... ótimo. E a sua... esposa? Está aqui também?
— Não.... Ela ficou por lá...
— Sei...
— Estamos meio que separados, sabe?!
— Não, não sabia... Desculpe por falar nisso...
— Não... Tudo bem. Olha, foi muito bom te encontrar. Podíamos marcar de sair uma hora dessas, botar o papo em dia, sei lá...
— É... acho que podíamos.
— Eu tenho pensado bastante em você...
— Mesmo?
— É.... Olha, eu sei que aqui não é o lugar e nem essa é a hora.... mas eu só queria dizer que voltei pra cá por você.
— Pára. Não diz isso...
— É verdade... Eu levei todo esse tempo pra perceber que eu gosto de você...
— Não diz isso. Não diz, porque foi o mesmo tempo que eu levei pra te esquecer.

Post Confuso - Finalmente Retornando

Revolta. Revolta é um sentimento que me faz bem, me faz crescer. Mediocridade. Mediocridade é uma palavra que tenho usado mais do que eu gostaria nos últimos tempos. Definido o tema da Dissertação do Mestrado, embora algumas nuances ainda possam ser alteradas. Saudade. Saudade é o que sinto das minhas antigas professoras, aquelas do tipo que tiram fotos com crocodilos na cabeça. Frio, inverno, chuva. E tudo que eu quero é ser quem eu era, ou quem eu poderia ser. Artigos para escrever, mas a internet é visguenta demais e me prende na rede. Viro comida às moscas e não faço o que devo fazer. Credibilidade. Credibilidade é o que não pode ter alguém que se diz poeta, compositor, tradutor, alugador de baterias e ainda vendedor de material de construção (e ainda escreve coisas como “hajam dúvidas” (fez o que do impessoal?)). Sorry Honey. Erik, com quem mais eu falaria de sapatos amarelos e óculos azuis? E quem lerá essa bagunça até aqui? Alguém ainda lembra que post confuso é aquela bagunça que eu faço com objetivos catárticos? (Ai, Aristóteles não! Porque todo mundo que quer passar por esperto cita Aristóteles?). Eu realmente odeio quem para pagar de esperto utiliza-se de teorias prontas. Eu também odeio quem coloca letras de músicas sertanejas no Orkut. E adoro tempero de limão nas pipocas, mas e daí? Se algum professor atual meu ler isso, estou ferrado. Eles me mandam de volta à alfabetização, dizendo algo sobre o “processo de letramento”. O mal de escrever é ser lido. Puta merda, e como é. Eu deveria pôr um aviso antes desse texto: “Favor não considerar estes escritos para avaliação de sentido”. Obrigado, não poderia esquecer do “Obrigado”. Como a gente se vira e diz pra alguém que esse alguém não tem talento? Nenhum talento. Eu queria saber fazer isso, mas teimo em ser diplomático. Maldita diplomacia. Ainda nada do livro “Clarice,” chegar aqui. O que é bom, porque me impede de gastar uma nota. Aceito sugestões de poemas de Drummond e Quintana para análise de “Lírica e Modernidade”. Dos meus mil projetos, estou vendo que não vou seguir nenhum... mas agora preciso, porque tenho a tal da “Revolta”, o que me motiva. Vejamos então, jornada do herói, hipertextos e Ângela Lago, Escrita para suscitar a Leitura, texto comemorativo, mensagem, crônica para o jornal, contos para o concurso... ad infinitum. Falando em publicações, eu estou cansado de encher todo mundo com essa história de comentar meu conto lá na Revista Ficções... Mas eu quero mesmo que comentem, ora essa... Então meto o link aqui mais uma vez. Supondo que alguém tenha lido até aqui. Eu deveria mesmo era ter colocado lá na primeira linha... Se bem que muita gente só de olhar o tamanho do texto nem leu a primeira linha. Eu faria isso, porque ando sem paciência de ler na internet. Falando em ler, li coisas que não posso falar, seria uma heresia. Agora vou rápido achar o que postar para este texto não ser o primeiro a você encontrar no blog. No mais, a barba me pinica.

Bonde

Não, doutor, ele sabe que não vai se matar, mas chegou perto. Na verdade, acho que nem era para ser suicídio. Ele estava mais era se deixando morrer. Não, doutor, eu já disse. Ele não tem coragem. Pro senhor ter uma idéia, ele atravessa a rua olhando pros dois lados, isso, até em via de mão única. Quem quer morrer não se preocupa com isso, doutor. Se o bonde pegar, pegou.

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Fragmento encontrado nos meus arquivos.
Quem me lê, por favor, clique aqui e comente lá...

sábado, 24 de abril de 2010

Arte e não-Arte & Literatura e não-Literatura

Secadilha e renga, uma moça atravessa a praça, de viés. Seu nome é Magdalena. Debaixo de um dos braços, um quadro torto, coisa que mais tarde chamaremos de arte. Em outro patamar, muito acima, está Diego, a quem ela chamará de “Barrigón”. Magdalena é direta: avisa que pinta e quer sobre seus quadros um olhar profissional. Não, não quer elogios atravessados, quer críticas duras! Não há tempo a perder! Ou ela tem vocação à pintura, ou vai fazer outra coisa para ganhar dinheiro e ajudar aos pais.

É uma composição interessante. Não só a do quadro, mas a cena em que esta trama se desenrola. Magdalena Carmen Frieda Kahlo Calderón, hoje Frida Kahlo, duvidava do próprio talento. Não estou, então, sozinho.

Frida usava tintas coloridas, compunha arte. Eu uso tintas negras, componho textos. Perdoem-me a audácia de me comparar com Frida, mas a angústia que tenho é a mesma. Eu já não sei, por exemplo, se meus textos são Literatura.

Sim, quanto mais estudo, menos sei avaliar o que escrevo, e não há Barrigón a quem perguntar. Eu acreditei, simplesmente, nos que me aplaudiram em algum momento. Fiz minha vida equilibrar-se toda nas linhas torpes do que é escrito. Por um concurso de poemas, vendi a alma, ainda infante.

Vejo ao meu lado composições tortas, contos feios de linguagem pobre e imaginação vadia. Seus autores, no entanto, se autoproclamam Escritores. Eu leio, e não nego — ninguém nega, aprenda: ninguém diz ao rei que o rei está nu. Depois, porém, eu penso “E se for assim comigo também? E se eu for um medíocre, que olha os textos com óculos de pai e se nega a ver defeitos onde obviamente eles estão? E se eu não tiver qualquer talento ou vocação?” Quando penso isso estremeço todo, porque seria necessário então reviver toda vida e ir logo fazendo outra.

Quem cria uma peça (supostamente) artística, não possui o distanciamento básico para fazer uma avaliação digna, há paixão demais envolvida. Quem vai admitir que seu sonho é fraco, que seu texto é ruim, que sua pintura é pobre? Ninguém. A desconfiança, no entanto, me cerca. Amigos dizem que meus escritos são bons. Algumas professoras (mestres e doutoras) elogiam meus textos. Desconhecidos vez por outra fazem comentários agradáveis... Mas quem é imparcial? Qualquer carinho - que de tão pequeno que já vem no diminutivo - turva os olhos.

A quem dou meus textos para uma avaliação sem elogios? A quem pergunto: Afinal, isso é Literatura? Presta? E de onde eu consigo coragem suficiente para me arriscar ao “não”, ao cortante “não”? Porque pode vir... pode vir...

Frida estava certa em continuar pintando. Suas telas são Arte o suficiente para entrarem no conceito e emudecerem de susto os olhos alheios. “Nem você, nem eu, somos capazes de pintar um retrato como os de Frida Kahlo”, escreveu Picasso a Diego Rivera.

A dúvida de Frida foi respondida, e a minha, quem terá a audácia de desfazer?


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Literatura ou não... um texto meu continua pronto a receber comentários na Revista Ficções. A quem aprouver comentar, que clique aqui. Obrigado.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Verdes Brotos

Às vezes eu preciso deitar no escuro para ouvir meus brotos crescerem. Esquecer do relógio, esquecer das nuvens, esquecer das letras, das linhas, dos malabares. Preciso só ouvir aquilo que tvida tem de verde e que teima em existir dentro de mim. Deixar que ramículos se enrosquem nos meus cabelos, agarrem-se nos travesseiros, perfurando a frigidez da pele e soltando folhas inusitadas.

Eu preciso dessa calma para alguma coisa nascer (“se nascer, é tudo tão incerto”). Eu preciso sentir os caules brotando nos meus dedos, buscando uma luz que a escuridão da noite nega. Preciso ver este verde-esperança inundar meu corpo, procurando ar, trazendo vida.

O que eu faço destes brotos? Ora, nada. Quando abro os olhos eles já não existem, recolhem-se rápidos ao interior do corpo estranho. Debaixo da pele, porém, eu sei que restam as sementes.

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Esperanças à parte, meu conto continua esperando por comentários na Revista Ficções.
Valeu.

sábado, 17 de abril de 2010

De Leitores a Eleitores

Caríssimos.

Um conto meu foi escolhido para integrar a Revista Ficções Online.
Agora, estou concorrendo junto a um bocado de gente boa à publicação impressa.
Um dos critérios de avaliação será o nível dos comentários, ou seja, o impacto suscitado pelo texto no leitor.

Não vou sair por aí, feito político, a dar a mão para todo mundo e a beijar bebês chorões. Mas se vocês acompanham o blog, gostam dos meus textos, querem ler e comentar o conto publicado, cliquem aqui e deixem por lá suas impressões, ok?

Grato muitíssimo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O Estripador de Poesias

Que mania pertinhosa tenho eu de me estragar as poesias. Ora, é preciso deixar o dito pelo dito! Mas não, eu explico... No explicar eu me desnudo, desfio a rima, arrebento as estrofes e esparramo todo verso. Que absurdo. Preciso aprender, pois, que um poeta jamais se explicita. É preciso deixar que do poema pensem o que quiserem os Doutores.

E os Doutores pensam. E falham e trumbicam e erram e afirmam e é preciso nem estar aí. Se por “bola” entendem “sol”, não aquela ali, a de futebol, deixa estar assim. Se num braço sem todo e uma parte do todo sem o braço de toda parte pensam que está a Santíssima Trindade, deixemos eles, não Gregório?

Deixemos eles frustrados, sem manuais, com suas suposições alheias a alear nuvens vazias. Deixemos cutucar a poesia de longe, vendo se morde, se é bicho ou fruta ou planta. Deixemos que nem saibam e nem entendam quando dizemos o que está dito. Maldito, nem que seja.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Asno Bruto

Que vontade de ser inútil e fútil. Que vontade de sentar num balanço meu enferrujado e ficar, bocó, contemplando o relvoso nada. Não quero mais empilhar livros. Não quero mais corromper e-mails. Não quero mais ler nem textos meus, quanto mais teus. Quero morrer-me, um pouco só. Um pouco. E só. Só.

Meu Deus, eu preciso ser banal e dizer coisas como “Meu Deus!”. Eu preciso acreditar que Paulo Coelho existe e fingir que Lispector ainda fuma, ressequida e esquálida num apartamento qualquer do Rio de Janeiro. Eu preciso fingir que nunca conheci Clarice.

Eu preciso ser comum a ponto de me deixar cair de amores pelas enchentes e tragédias alheias. Eu preciso me regozijar com o sofrimento do outro, como faz Ághata em suas loucuras, como faz o povo que precisa de sangue vermelho para escorrer na vida.

Eu preciso comer carnes vermelhas pingando. Preciso comer galinha ao molho pardo, como fazia a Clarice de quem eu nunca ouvi falar. Eu preciso erguer construções e trabalhar no sol salgado. Eu preciso deixar de ser Dândi, mas como, São Baudelaire, se a tolice me enfastia e a cultoriedade me chateia?

Ah, o que eu preciso é ficar bem plácido e feliz com mediocridades e banalidades e trivialidades. Eu preciso ganhar na boca o pensamento mastigado, e saber saborear. Não quero mais ser crítico, pensante e culto. Quero a alegria dos que acham simplicidade na própria vida. Quero o gozo, maior ainda, de quem acha a graça da vida alheia. Quero enfim, “Meu Deus”, ser só um asno bruto (mesmo que carnívoro).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Minha

Como é que eu posso
sentir saudades tuas
se foi nas tuas coxas nuas
que acordei esta manhã?

Que coisa mais louçã
Toda essa minha solidão,
Tudo porque neste meu peito
Não repousa (agora!) essa tua mão

Não te espero com paciência
Te quero com urgência bruta
Com força, e sem delicadeza,
na minha languidez abrupta.

Eu preciso é tocar essa tua carne
e com selvageria de fome,
deixar de ser poeta.
Ser só teu homem.


Mascarada nudez

Se fosse para me explicar eu teria que te desenhar uma máscara. Nos arabescos em volta dos olhos eu pintaria meus segredos, traços infinitamente delicados. Nos vazios e ocos eu te sussurraria as coisas que escondo nas partes cobertas.

Eu não saberia me desnudar sem pintar uma máscara. Não de falso, não de ator, não de nada. É só que máscaras fazem parte da arte. Nas cores escolhidas, com a face escondida, eu te contaria, de fantasia. Só de fantasia podemos ser nós mesmos. O arlequim em mim é mais verdadeiro que o homem.

Sem te assustar, então, eu contaria das coisas que brotam em mim. As magias sem mistério, os truques de encantar, os efeitos de ilusionista ruim. Na minha máscara maldita verias que meus traços de verdade estão fantasiados de festa. Veria que meu glamour é de brinquedo, meu coração é de plástico, meu carisma é todo inflável.

De máscara, como se fosse outro, eu te falaria mal de mim. Confessaria meias mentiras, desmetiria mantras sagrados. Em dois minutos eu te faria nem mais me perceber. No truque final eu me desapareceria de ti. Inteiro.

domingo, 4 de abril de 2010

Instruções de como bancar o burro.

Quem cunhou a expressão emburrar-se na certa estava se referindo a teimosia dos burros empacados. Apesar disso, por uma dessas maravilhas que é o isomorfismo, a expressão adequou-se bem em outros aspectos.

Para mim, realmente, quem adota a postura de fazer birra emburra-se, ou seja, torna-se burro. É bonitinho e até natural quando se tem cerca de cinco ou seis anos de idade. Passado isso, é infantilidade ou perda de tempo.

Qual o princípio que move o emburrado? Eu queria realmente compreender. A pessoa espera que, com silêncios angulosos e caras tortas, possa atingir o outro de alguma forma? Só para eu saber, eu deveria, por exemplo, ficar remorsado porque o outro decidiu que não falaria e ficaria com a expressão de peixe colérico pelo dia afora?

Não. A mim o burro não pega mais. Se alguém decide perder tempo com jogos infantis eu é que vou fazer outra coisa do meu dia. Se passar horas emburrado vai trazer alguma vantagem ou felicidade ao próximo, ótimo. Delicie-se. Sem esperar, no entanto, que isso me atinja de alguma forma. Ou que vou implorar desculpas sem nem motivo ter. Que cada um aproveite o tempo como lhe aprouver. Uns brincando de  gente, outros brincando de burro.

No fim, quem perdeu a oportunidade estar feliz não fui eu.

sábado, 3 de abril de 2010

Eu e o resto que se chama "todo mundo"

Meu problema é o “todo mundo vai”, porque esse não me pega mais. Falam como se isso atestasse qualidade ao espetáculo, não o inverso. Porque, convenhamos, o gosto do populacho é ruim e o populacho é o “todo mundo”.

Quando digo que não quero ir, olham-me com a cara estranha. Quase batem na madeira três vezes. De repente então eu me acho melhor do que “todo mundo”? É, é isso. Eu não caio em modismos fabricados pela mídia. Não, eu já disse que não vou a um lugar ouvir um cantor gritar um “Ei, psiu, beijo me liga”.

Acho que fui o único a não ir. Porque até quem não gosta foi, foi afinal “todo mundo” ia... Ah, enfim, vocês entenderam o espírito da coisa. Não. Não quero dizer que só vou a concertos, esses velórios musicais, também isso não me agrada. Isso já é coisa de uma elite que vive achando linda a “roupa nova do rei”.

Não estou criticando o show, o cantor, a cidade, ou o que seja. Só estou rogando pela minha liberdade de não ir. Não ir sem estranhamento. Não ir sem causar choque quando digo que não vou. Não ir e continuar sendo considerado normal. Não ir e não ver depois cara feia porque não fui. E não falo só desse show. Falo de onde vai “todo mundo”. Porque uma coisa é vontade, outra é espírito de rebanho.

Não vou e sou satisfeitíssimo da vida, para decepção de “todo mundo”. Não vou e sinto-me pleno por não ir, feliz mesmo porque não me faltam essas duas horas que “todo mundo” perdeu. Ora, chamem-me para qualquer roubada, menos para ir onde vai “todo mundo”.

“Não sei que prazeres e alegrias levam as pessoas a trens e hotéis superlotados, aos cafés abarrotados, com sua música sufocante e vulgar, aos bares e espetáculos de variedades, às Feiras Mundiais, aos Corsos. Não entendo nem compartilho essas alegrias, embora estejam ao meu alcance, pelas quais milhares de outros tanto anseiam.” (Hermann Hesse, em o Lobo da Estepe)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Tinha uma pedra no meio do caminho"

Aos que acreditam (em mim)*

Posso me prometer uma coisa? Posso. Mesmo uma coisa que eu jamais vou cumprir? Mesmo. Então tá. Então eu me prometo que não vou sentir autopiedade. Não importa o que aconteça, nem os motivos que eu tenha para tanto, eu não vou cair na tentação de ter pena de mim.

É fácil, fácil demais, perder a fé quando nos julgamos os coitadinhos. Quando nos atolamos em autocomiserações. De repente eu me sinto tão infeliz. E sem motivo, porque problemas, daqueles Grandes, eu não tenho. Tenho pedregulhos bobos no caminho e me martirizar por eles é besteira.

Os pedregulhos estão ali porque eu mesmo botei. Eu mesmo queria me testar, eu mesmo queria ir mais longe. Parar na beira do caminho e chorar seria simples. Eu quis andar além, quis ver o que tem lá no fim. Então porque a piedade?

É isso. De repente eu me sinto bobo por estar chorando. De repente eu não tenho motivo. Eu estou lutando por aquilo que eu mereço, por aquilo que eu quero. É natural, então, sofrer em algumas batalhas. Sem a luta não há mérito.

O que eu esperava? Arco-íris em céus de lilases? Não. Eu esperava ficar mais forte. Eu esperava lutar para adquirir conhecimento, experiência, força. As coisas estão indo mal agora? Estão. E o que eu vou fazer desse “indo mal” é o que importa. Eu sentar aqui e me lamentar vai resolver? Não. Então à luta. Não importa como...

Eu preciso aprender que as fases ruins são fases. Eu preciso me conscientizar de que eu quis assim e isso há de ter o seu valor. Nenhum esforço é vão, por mais que pareça no momento em que sofremos. Eu estou no caminho que deveria estar, lutando as contendas que deveria lutar. Vencer minha batalha depende da força que eu vou empregar na guerra. Por enquanto meu único inimigo real é a minha fraqueza.

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* Este texto é uma espécie de "Declaração de Guerra". Eu prometo ir até o fim, porque mesmo quando minha fé é pouca, tenho quem me dê uma luz enorme. Primeiro ele é dedicado à minha doce borboleta Talita, minha maior entusiasta. Depois, a duas flores que tenho como irmãs, a Lidita e a Karen, de quem eu tenho saudades imensas. Por último, aos meus amigos outros que também possuem em mim uma fé até maior que a minha.
Obrigado, mesmo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Você.

Bem que eu queria, mas não consigo tirar você de mim. Na pele, tantas vezes esfregada até a vermelhidão, ficou todo seu cheiro. Da minha boca nada tira o seu gosto. Meus ouvidos teimam em escutar você voltando e os meus olhos continuam só refletindo o brilho dos teus.

Fiz novenas, fiz promessa, obriguei velas inocentes a chorarem lágrimas de cera. Nada adiantou. Ao fim de tudo sua imagem continuava nítida na minha cama. Bebi vinhos, poções e venenos. Lambuzei-me com líquidos purpúreos e nem a embriaguez conseguiu levar você daqui.

Achei outros amores, deitei em outras camas, perdi-me em outras bocas. No final quem restava era sempre você. Como lembrança que não quer desapartar. Como memória que teima em não desvanecer. Como espírito que não quer desencarnar. Você.

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Texto experimental escrito para o projeto Once Upon a Time