quarta-feira, 20 de março de 2013

Duração

Depois do último ronco do chimarrão, ainda olhando para a geladeira nova que já pifara, Seu Alaor proclama: "Antigamente sim as coisas eram feitas para durar. As batedeiras, as geladeiras, os liquidificadores, as televisões... Até o amor. Até o amor, antigamente, era feito para durar."

sexta-feira, 8 de março de 2013

Carta aberta às mulheres


O que de pior o machismo nos trouxe foi um feminismo.

Não aquele feminismo que luta por (legítimos!) direitos iguais, mas um outro, um feminismo de cabresto, que não almeja chegar ao lado dos homens, mas acima deles. Esse tipo de movimento faz com que algumas mulheres queiram se aproximar do que de mais bestial o machismo impunha: o conceito de um sexo dominante e outro dominado.

Será sempre assim? Sempre a luta que começa por igualdade precisará transformar-se em uma luta pela superioridade? Como ficam as relações em uma eterna “prova” de poderes e luta por territórios?

Se o seu marido deixa as roupas para você dobrar, pode não significar que ele pense ser esse um serviço pouco digno a um homem. Talvez ele o faça por ter duas mãos esquerdas e nenhuma habilidade com elas.

Se ele deixar a louça pra você lavar – depois dele ter cozinhado, limpado a casa e mudado os filhos – pode não querer dizer que ele seja machista. Talvez ele esteja só cansado.

Se ele disser: “Está tarde, vamos dormir”, ele pode não estar querendo dominar sua vida e provar que, como pensava a geração dos seus pais, ele manda em você. Ele pode só estar cansado e querer que você deite com ele.

Por favor, mulheres, menos preocupação e mais parceria. Menos necessidade de provar alguma coisa (para quem???) e mais compreensão, mais troca, mais abertura.

Você pode sim limpar a casa e ele trocar pneu. Você passar a roupa e ele pendurar os quadros. Você fazer as compras e ele cuidar das contas. Ou você abrir o vidro de conserva (já que faz boxe) e ele pregar um botão (já que foi criado ajudando o pai alfaiate). Nem tudo precisa ser uma guerra pela quebra de estereótipos. Às vezes é só uma questão de habilidade, como quando você sentava ao lado da colega mais esperta em matemática na hora da prova em dupla.

Relação é parceria, não competição. É chegar junto e não é repetir sempre “você não manda em mim!”. Muitos de nós, homens, reconhecemos o mérito de vocês e não queremos ser superiores. Tampouco precisamos que vocês provem a sua superioridade (já a conhecemos!).

Quem precisa provar o tempo todo que é dona de si, não o é: é ainda refém das velhas ideias machistas que já não deram certo. Esqueça um pouco o machismo. Esqueça um pouco o feminismo. Lute só contra quem ameaça você, os seus direitos, o seu bem estar. Lute como lutaria qualquer pessoa que se sentisse aviltada, se você se sentir assim (ou caso se perturbe com o sofrimento alheio). Mas se esse não for o caso, não perca tempo tentando convencer o outro do que ele já sabe. Se você é fantástica, só continue assim. Sem brigas, sem disputas, por favor, sem precisar provar isso o tempo todo. O bom senso agradece. E o amor também.