quarta-feira, 19 de junho de 2013

Engano

De repente, tu chegas para a festa e não te querem. Tu insistes, bates uma vez mais na porta, o som é alto, quem sabe não ouviram.... Nada. A ti parece que alguém espiou pelo olho mágico... e não abriu.

Tu ligas ao dono da festa. Ele não atende. Deixas uma mensagem, polida, hesitante e meio alegre, avisando que está ali e que alguma confusão houve... Ninguém responde. Tu gritas um nome ou dois para a porta... Alguém abre, finalmente.

Abre e avisa com todas as letras: não, não te querem na festa.

Tu desces as escadas, então, cabisbaixo... Tu tentas, em vão, te convencer de que, afinal, a festa nem era tão importante... Soa irremediavelmente como o consolo da raposa "estavam verdes as uvas". É mentira. A festa te importa, te importa a alegria dos que estão lá, bebendo, dançando, sorrindo, batendo uns nas costas dos outros, brindando.

Na janela, tu vês as luzes coloridas se derramando. Alguém aponta para ti lá de cima e ri, ri, ri. Tu, que te julgavas tão importante, tão maior, tão dono da festa toda, atravessa a rua desolado. Não há mais para onde queiras ir. Não há festa, por maior ou mais bela, que te console agora. Não há caminho, não há graça.

Tu tentas compreender o porquê de não te quererem ali. Pensas no que disseste, no que fizeste, no que deixaste por dizer... Nada te ocorre. Nada que justifique. Talvez tu simplesmente não pertenças àquele lugar. Tentas, mais uma vez, te convencer: é isso, tu és bom demais para aquele lugar! De novo as uvas soam verdes.

É tua incompetência a causa do ostracismo... É a falta em ti do que eles têm. E o que é? Tu não sabes dizer. Continuas o caminho, olhando para trás volta e meia, checando o celular.... Quem sabe tudo não passou de um engano... Quem sabe alguém acene da janela ainda, chamando-te de volta... Quem sabe o dono da festa ligue e esclareça as coisas...

Quem sabe não.

É, pensas por fim, foi tudo um engano... A vida toda até aqui. E então desistes das festas todas.

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