Perdido, numa quarta-feira de cinzas, o marinheiro sem mar teimou de cismar as nuvens. Pelo menos eram densas águas num céu acinzentado. Bem lembravam as salgadas tempestades.
Navegue-se.
Olhos no céu, pés no chão da cidade suja. Jamais seria novamente carnaval? Nuvens alheias, paradas, pesadas, hirtas, mar sereno, insosso mar.
Afunde-se.
Destino nenhum, felicidade nenhuma, pensamento nenhum. Mais confuso que a enigmática linguagem das ondas. Mais sedutor que o lúbrico canto das sereias azuis. Mais vazio do que os navios piratas das noites sem luz.
Afogue-se
Andava. Respirava. Ar. Marinheiro sem mar.
Seria a ressaca moral?
ResponderExcluirAbraços!
Como disseram os Los Hermanos, "todo carnaval tem seu fim"...
ResponderExcluirHá dias que parecem que não vão parar de amanhecer
ResponderExcluirVc escreveu "sereias azuis" enquanto eu escrevi "consoantes azuis"...
ResponderExcluirVazios...
Azuis aqui e lá...
Ausências dissonantes...
Um bj cincodezembrista querido.