quarta-feira, 9 de março de 2011

Salgado



Perdido, numa quarta-feira de cinzas, o marinheiro sem mar teimou de cismar as nuvens. Pelo menos eram densas águas num céu acinzentado. Bem lembravam as salgadas tempestades.

Navegue-se.

Olhos no céu, pés no chão da cidade suja. Jamais seria novamente carnaval? Nuvens alheias, paradas, pesadas, hirtas, mar sereno, insosso mar.


Afunde-se.

Destino nenhum, felicidade nenhuma, pensamento nenhum. Mais confuso que a enigmática linguagem das ondas. Mais sedutor que o lúbrico canto das sereias azuis. Mais vazio do que os navios piratas das noites sem luz.


Afogue-se


Andava. Respirava. Ar. Marinheiro sem mar.


4 comentários:

  1. Seria a ressaca moral?
    Abraços!

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  2. Como disseram os Los Hermanos, "todo carnaval tem seu fim"...

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  3. Há dias que parecem que não vão parar de amanhecer

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  4. Vc escreveu "sereias azuis" enquanto eu escrevi "consoantes azuis"...

    Vazios...
    Azuis aqui e lá...
    Ausências dissonantes...

    Um bj cincodezembrista querido.

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