Hoje é daqueles dias em que eu queria me ver bem longe de mim. Mas como fugir-me? Onde quer que eu vá, lá estou eu, com a mesma cara velha, os mesmos mugidos de lamento, a mesma boca entortada em um esboço de praga triste.
Tento abstrair. Tento dormir, mas me persigo nos sonhos. Nem por lá sou diferente. Abro um livro qualquer e não encontro nada diverso de mim, nenhum labirinto de letras no qual me perder. Vou assumindo, aos poucos, minha desistência febril.
Jogos, analgésicos, psicotrópicos, vícios de nenhum pudor já não me afagam nem me afastam desse eu cansado. Há os a fazeres, as coisas que gritam, chamam, imploram por uma atenção medíocre. Não me interessam as coisas. E pessoas já não há.
Queria me mandar para longe de mim. Queria me pedir que eu fosse ao México, procurar-me numa esquina borbulhante de pimentas e arcos vermelhos. Que por lá eu ficasse, bebendo tequilas e cantando La Llorona até o dia esmaecer, até a noite se aceder, até, quiçá, esse eu morrer.
esquecer-se é possível.
ResponderExcluirencontrar-se é mais difícil que perder-se,fujir de si mesmo é impossível...
ResponderExcluirTambém assim, cansada de mim mesma.
ResponderExcluirEu acho que não me aguento mais...
Esteja onde estiver...mandou bem no texto. Esse finalzinho ficou nota 10!
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