terça-feira, 1 de maio de 2018

Gueixa


Não aguento mais cumprimentos vazios. Com sorrisos então? Não! Não quero ser uma gueixa leve que sorri e reverencia a cada um que passa e ergue dois dedos do volante. Eu quero mais.

Eu quero um toque que não seja de recolher. Eu não quero ser inalcançável. Mas como se desce do pedestal? Contornando a chuva e o vento. Como se pega o mundo e morde? Sorrindo. Mas meu sorriso é só mostrar de dentes. Como um cão que ladra, ladra, ladra. Não mordo nunca? Morder a quem. Morder a quem não é muda pergunta. É minha resposta.

Pelo menos uma vez por dia eu ouço tocar uma mesma música. É a sua? Eu não posso dizer. Pelo menos uma vez por semana eu chamo pelo Superman. Pode ser você? Não posso dizer. Isso é o que me tece por dentro. Isso é o que me embrutece e me faz acenar, como gueixa, com um sorriso falso para cada um que passa.

Nem grito, nem choro. Nem terno, nem nu. Meio morto, meio termo. Vou acenar se você passar.



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