sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Terras secas


Ela cola tudo sem formatação. E escreve em caixa baixa, de jacarandá. Ela quer escolher a cor, mas não consegue se decidir, então deixa tudo marrom, como se da cor-de-terra fosse brotar algo. Não brota.

Ela vaga pelos bares procurando pares e vagas, não encontra. Ela quer fazer parte de onde ninguém a quer. Mulher. Mulher que é, destempera-se com as fases da lua, ora escreve com rimas, ora nua.

(E rima "lua" com "nua", o que é pior)

Ela bate nas portas das editoras que batem-lhe as portas na cara. Parece justo. Ela persegue escritores também, já comentei? Ela manda e-mails de madrugada, tenta ganhar votos em concursos, tenta publicar poemas em jornais semanais. Não consegue. Nem matando - de vez em quando - ela vira notícia.

Ela se diz escritora, poetisa, autora e tradutora. Às vezes, de noite, se acha impostora, mas isso  ela não conta. De manhã já esqueceu, manda outro envelope para outro concurso. Escolhe codinome de homem. Apela para mantras, numerologia, astrologia e agronomia avançada. Não brota a sorte, não brota a escrita, não brota nada.

3 comentários:

Obrigado pelo seu comentário.