segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Ten times or more

Sailors fighting in the dance hall.
Oh man!
Look at those cavemen go.
It's the freakiest show.
Take a look at the lawman
Beating up the wrong guy.
Oh man!
Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show.

Às vezes você só queria que o dia terminasse bem. Queria um sorvete ao pôr do sol, antes de voltar para casa. Queria olhar, carinho, sorriso, para ter certeza de que tudo mais também terminaria bem.

Não é assim. Não pode ser. Porque às vezes você só é sozinho. E isso é tudo. É tudo porque não muda, porque já foi assim desde o começo. Seu número é um monólogo. Não avisaram? Não há deixas. Você não leu o programa? Não viu os cartazes? Não olhou as críticas nos jornais? Essa é uma peça de um homem só. 

Não há alguém nos bastidores para entrar e fazer parte do show. Não há ninguém para mexer nas luzes ou trocar os cenários. Você escreve, você encena, você aplaude.

Você achou que o número seria cômico, é isso?! Achou que seria de fazer rir? Não é, meu bem. Aventura não tem. Romance não também. É sério que você topou sem saber? Que ensaiou sem notar? Que subiu para a estreia ainda imaginando que as coisas terminariam bem? Não... Não, meu bem. Não é assim. Muito menos o fim. Deixa eu contar:

As cortinas se fecham com você sozinho no palco e é assim que o espetáculo termina. Lá atrás, você continua sozinho depois. É assim que está no roteiro. É isso que dizem as rubricas. Você continua sozinho, enquanto as luzes se apagam e ninguém aplaude. Ninguém vem com rosas e elogios. Ninguém espera no camarim. Termina assim. O escuro vermelho, o silêncio sem pigarro, o eco sem resposta. E você sentado ainda, abaixando a cabeça, sem saber o que fazer de si depois. Talvez você possa chorar. Isso se o diretor deixar. Se ele não achar muito clichê. E se ele achar, talvez você chore sem ninguém saber. Você estará sozinho, no fim. Então ninguém vai ver.


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