Se há uma pessoa a quem eu admiro, é aquela que pega um ônibus sem nem perguntar aonde ele vai. Sim, porque eu, de insípido que sou, só subo depois de indagar ao motorista o destino, a demora e o preço da passagem. Não, eu não estou falando de viagens, estou falando da vida. Mas a analogia me cabe bem, porque realmente sou assim. Inclusive nas viagens.
Eu admiro essas pessoas ainda mais quando percebo que elas desfrutam a paisagem ou simplesmente pegam no sono. Eu fico teso, reto, só espiando para ver se não perco o ponto, não relaxo nem por um segundo.
As pessoas que eu admiro têm a certeza de que, se forem parar no lugar errado, podem voltar e refazer o percurso. Elas podem dormir umas noites no hotel de uma cidade estranha. Elas podem pedir carona ou pegar um táxi. Enfim, elas podem desfazer o engano, encontrar o caminho certo ou passar pelo errado, sem preocupações maiores.
Qual o meu medo, afinal? Meu medo é ficar perdido pra sempre, eu acho. Ainda preciso descobrir que o destino é incerto, é dúbio, é duvidoso e não há como controlar isso, há só como seguir. Depois, se não funcionar, preciso aprender que posso pedir uma passagem de volta. Eu preciso aprender a me entregar à beleza que é essa confusão de vida. Eu preciso entender que, se não posso controlar tudo, ao menos tenho como voltar, caso meu caminho não seja esse.
O consolo é que tudo passa, o bom e também o ruim. E se não há o que se possa fazer, não fazer nada é a solução. Fechar os olhos e esvaziar a mente. Sem querer prever. Sem querer antecipar. E às vezes, parar de tentar compreender. Um passo de cada vez e a caminhada torna-se mais fácil.
ResponderExcluirEmbarquemos nesse ônibus. Não saber ao certo a parada, é justamente a graça da vida.
Boa sorte para nós.
Anjo, eu ia até falar alguma coisa... mas depois que li o comentario da Renata Bezerra... fiquei sem palavras!!!
ResponderExcluirEla disse tudooooooo!!!
Bjo
Admiro também, porque eu mesmo preciso de um mínimo de planejamento.
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