Clarissa,
Escrevo porque tenho saudade. Sinto falta do tempo em que teu nome era simples, Violeta. Aqueles dias em que as tardes de ler cartas eram mais brinquedo e fantasia. Hoje o baralho é cheio de corvos a me sussurrar maus presságios. Brincar com as alminhas já não é a mesma coisa sem você. Acho que de mim elas não gostam, não sei. Há qualquer coisa de seriedade no ar que me repulsa. Eu queria de volta tudo aquilo que o tempo nos roubou. Eu preciso, Clarissa, ter de volta a nossa inoscência.
Mas não posso.
Estou perdido em um labirinto e não sei como voltar para casa. Você, Clarissa, conhece o caminho? Ah, fomos tanto mais e não sabíamos. Hoje nos resta aquele espelho descascado que já não reflete quem somos. Busco em outras coisas os caminhos do teu riso, mas encontro sempre tua testa vincada a declarar-me perdedor de tua glória. Você percebe que nunca mais voamos? Eu também...
Voar me faz falta. Tanto quanto virar sombra e fazer poções de ervas roxas.
Mas já não há tempo, não há sabedoria, magia já não há.
E agora, Clarissa?
sábado, 8 de dezembro de 2007
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