quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cá entre nós

É interessante entrar no Mestrado em Estudos Literários por amar a Literatura. De repente você nota que estão fazendo tudo ao contrário do que ensina a teoria. Ao invés de tornar a leitura agradável, resenhas obrigatórias tratam de tornar tudo um imenso fardo.

Como é possível ler sobre “o prazer de ler” de forma rigidamente imposta (e não seduzida, diga-se de passagem)? Depois de páginas e páginas e mais páginas ou você pretende mudar o mundo, fazendo com que todos leiam Machado de Assis, ou você mesmo desiste de ler qualquer coisa, porque seus olhos ardem mais do que braseiros.

Não há, vejam só, tempo (ou disposição) para a minha leitura “prazerosa” e “descompromissada” de que me falam as teorias. É tudo sempre hipócrita assim? É. A gente deve mais é acostumar. Minha pior professora, até hoje, era a que na graduação nos dava didática, vejam a incongruência.

Não sei. Talvez as pessoas se deixem bitolar tanto por teorias que esqueçam o lado prático da coisa. Talvez pensem que estamos em outro patamar, que temos a obrigação de gostar de ler. Não temos. Tampouco temos a opção de não ler (Rogai por nós, Santo Pennac), a menos que uma nota ruim seja aceitável. E não é.

Voltemos então à leitura superficial e à pior resenha que já escrevi em todos estes anos. Voltemos a criticar práticas que obrigam os alunos a leituras que não lhes interessam. Voltemos a falar das maravilhas causadas por páginas escritas. Voltemos a cinco folhas de mentiras mal-lavadas. Voltemos.



"Burn this house
Burn it blue
Heart running on empty..."

2 comentários:

  1. Desculpem o desabafo. Não sou assim, só estou esgotado.

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  2. E eu que pensava que se deixasse o Direito e fizesse Letras seria mais feliz...

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