É. Então é assim. Ontem você quebrou o caule das flores, hoje um copo, amanhã será um vaso vermelho. E você não conserta as coisas. Nunca. Passado um tempo, você empilha elas sobre a mesa e finge que estão como sempre estiveram. Como sempre deveriam estar.
Na mesa (quebrada) as flores (partidas) apodrecem no vaso (trincado). E você sorri, me abraçando como se tudo estivesse bem. Como se ruínas fossem belezas ainda frescas.
Não são.
Não são.
Eu vejo os vincos. Eu me corto nos cacos. Eu sei dos armários abarrotados de louça partida. Dos baús repletos de roupas rasgadas. Fiapos de cortina não cobrem o sol, meu amor.
É. Então é bem assim. Um dia você vai perceber que a única coisa inteira na casa toda é o espelho. Mas, se o espelho está inteiro, minha querida, então somos nós que estamos partidos.
Texto lindo. Gostei muito das figuras utilizados ao longo do texto para personanificar o fim de uma relação. Muito bom.
ResponderExcluirUm texto muito intrigante, disperso numa metáfora bem realista! Parbéns!!!
ResponderExcluirE cada vez que se desconsidera um pedaço, já não há mais como reconstruir.
ResponderExcluirNão havia quebrado o espelho, mas talvez porque já estivesse condenada aos sete anos de azar por estar partida.
ResponderExcluirNo conserto que a gente se parte.
ResponderExcluirPra todas as coisas existem super bonder,cola tenaz,durex,durepóxi...
E quanto à nós?
Grata por ceder o texto lá pra Estante.
Um beijo.Te quero muito bem.
Sem palavras, meu amigo. Narraste com maestria uma etapa de minha vida.
ResponderExcluir