quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vem II

Vem, tirando os calçados para que teus pés pisem veludos nessas tábuas bem duras. Vem, passo por passo com olhos felinos na escuridão dessa casa noturna. Vem, mansa e tenra, morna e lânguida, esfregando o corpo de cio pelas paredes tão nuas.

Vem.

Vem quando todos já dormem e ressoam, embalados pela serenata dos músicos mosquitos e do maestro grilo. Vem, de respiração trazida na ponta dos dedos, mas vem.

Vem, abrindo a porta ponto por ponto para a fechadura não ranger – mais que o necessário. Vem, cobrindo minha boca com os dedos, depois com um beijo e em seguida com a língua, vem.

Vem!


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