Não há aflição maior que a página em branco. É o sangue negro das letras que macula a virgem e a torna merecedora dos meus pecados. Escrever, para mim, é confessar, redimir culpas, expurgar demônios e encerrá-los entre as linhas. O som do riscar da pena confunde-se ao do meu vôo e torno-me leve então. Eu escrevo o que ninguém entende. Coloco em palavras meus indizíveis. Mascaro sentimentos, fatos, dores, paixões. Faço em uma simples folha um carnaval vienense. Onde os próprios convidados não se podem reconhecer. Eu sinto quando escrevo. Não há outra forma de fazê-lo. As letras não saem das minhas mãos, menos ainda dos meus dedos. Elas saem em fluxo, contínuo e farto, dos meus pulsos cortados. Há sentimento por isso, por fazerem parte do meu sangue, ou antes por serem meu sangue. Cada texto é uma profecia, um feitiço, uma prova de sedução, tudo é enfim, um sortilégio de promessas fartas.
E é por isso que quem me ler, inteiro, nunca mais será o mesmo.
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ResponderExcluironlyniin@hotmail.com
Você é capaz de enxergar através da minha mascara? Ou terei que olhar atravéz da sua.