segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Baile de Máscaras

"Não me perguntes por quem os sinos dobram, porque eles dobram por ti"

Exatamente o que nós vamos comemorar? À saúde de que o vinho será amargo? Por que motivo o sal impregnará a carne? Digam-me, por quem a música tocará?
Não, vocês não sabem me dizer. Talvez digam mentindo que a homenageada é a velha amizade. Ah, esta senhora de tão velha nem me lembra mais o rosto, nunca me cumprimenta na rua.
Não vou à festa do tempo. Porque desde o começo das danças eu ficava sozinho. Não dançava, nem bebia, nem sorria. Eu chorava, mas só quando podia, escondido.
Não percebem ser o baile uma desculpa? Sim, desculpa frívola para que os casais antigos rolem nas gramas. Para que os risos antigos ecoem nos cantos, para que gargalhadas mortas voem feito abutres sobre nossos corpos.
Então não vou. Não vou porque não há o que comemorar. Não há com quem, entendem? Como vou brindar com aqueles que não chorariam minha morte?
Como vou me sentir vivo, entre aqueles que me mataram?


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