quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ághata vai às compras

Que faço eu de uma Ághata louca? Ela hoje chegou carregada de malas, presentes e sacolas. Conforme ia despejando o conteúdo delas sobre a mesa, eu via surgir o guarda-roupa completo do melhor circo mexicano.

— Mas Ághata, você não comprou roupas, comprou figurinos.

— É lindo, não é?

Não é. Pois é grotesco. Ela se comprou vestidos de tafetá rosa. Xales de tule amarelo. Casacos de pelúcia encarnada. Meias de fios dourados. Lenços insuspeitíssimos de oncinha. Sapatilhas púrpuras de bailarina. Tudo colorido, refulgente, flamejante, regado a miçangas, vidrilhos e contas peroladas.

Não, o gosto de Agatha nunca foi apurado. Ou pelo menos nunca combinou com o meu. Ainda assim, até então ela se vestia de maneira sóbria e elegante. O que brotou de suas sacolas, no entanto, foram roupas de palhaço. Sequer na juventude combinariam com os olhos verdes e os cabelos loiríssimos.

Até para mim ela trouxe um presente. Eu agradeci sorrindo. Mas o que vou fazer de uma calça verde com tantos bolsos quanto há estrelas no céu. Tenho a impressão de que se algo se perder ali, nunca mais será encontrado. Até passagens secretas a calça há de ter.

Ela agora está provando suas roupas. Umas por cima das outras.
E eu, ah, Deus, que faço eu de uma Ághata toda louca e fantasiada?

2 comentários:

  1. Oi V. Linné.
    Adorei este teu layout. Muito simples mas no entanto lindíssimo.
    Coisas berrantes não são de todo o meu gosto e por isso imagino a forma como ficaste ao ver tanta coisa "chamativa". E sendo que ela usava normalmente roupas mais elegantes e recatadas, trata-se de uma mudança trágica...
    Se ela te der o talão das calças podes sempre ir trocá-las por outra coisa. LOL
    Bju*

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  2. Pense que ela está apenas querendo se divertir com a vida!
    ^^

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