terça-feira, 6 de julho de 2010

Heranças genéticas e automóveis pretos, bem bonitos

Como é sabido, fui adotado; o que não me impediu, em absoluto, de herdar as características mais e as menos convenientes de meus pais não-biológicos. Isso mesmo, caros Naturalistas, o Determinismo do meio é mais forte do que o genético.

A aparência eu copiei toda de meu pai, da cor dos cabelos à maneira de andar. Já da minha mãe herdei o pior: o gênio louco e neurastênico, muito embora adocicado pela tranquilidade paterna.

É incrível como reconheço em mim, completo de assombro, as semelhanças inegáveis. Não há defeito que eu não tenha pegado para mim. Não há qualidade, por ínfima que seja, que eu não tenha roubado, seja de um, seja de outro.

No quesito “automóveis”, por exemplo, não conheço ninguém tão perspicaz quanto meu pai. Ele sabe o modelo de todos os carros lançados e ainda não imaginados. E vai além. Seu senso de direção é capaz de achar qualquer caminho em qualquer cidade, mesmo naquelas cheias de ruelas e reentrâncias. noção de espacial é tão apurada que, mesmo no maior estacionamento, ele poderia, de olhos fechados, encontrar o próprio carro. Não bastando, ele ainda conhece alguns segredos da mecânica dessas máquinas, sendo a única coisa que ele é capaz de consertar de forma descente.

Já minha mãe...

— Alô, mãe... Onde vocês estão?

— Voltando.

— Sim, mas aonde?

— Hum... voltando.

Sua resposta incluía qualquer lugar entre o trevo de Passo Fundo e  o de Tapera; aproximadamente 70km. Ela não era capaz de dar nenhum ponto de referência? Não.

— E o pai comprou o carro?

— Comprou sim!

— E que carro é?

— Um preto.

— Sim, mãe... Mas qual a marca?

— Um bem bonito.

Eu gargalhei.

Gargalhei porque minha mãe é assim, simplesmente. E gargalhei porque, no quesito “automóveis” eu sou igualizinho a ela.

E o carro? Ah, o carro é mesmo preto. E bem bonito. : D

Um comentário:

  1. No quesito carros também não entendo nada. Outro dia, quando fui pegar a cesta básica, pediram para eu parar o carro atrás de um Vectra. Havia dois carros na minha frente e eu não sabia qual era o Vectra. Solução? Me fingi de surdo, até o cara apontar.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário.