Meu problema é o “todo mundo vai”, porque esse não me pega mais. Falam como se isso atestasse qualidade ao espetáculo, não o inverso. Porque, convenhamos, o gosto do populacho é ruim e o populacho é o “todo mundo”.
Quando digo que não quero ir, olham-me com a cara estranha. Quase batem na madeira três vezes. De repente então eu me acho melhor do que “todo mundo”? É, é isso. Eu não caio em modismos fabricados pela mídia. Não, eu já disse que não vou a um lugar ouvir um cantor gritar um “Ei, psiu, beijo me liga”.
Acho que fui o único a não ir. Porque até quem não gosta foi, foi afinal “todo mundo” ia... Ah, enfim, vocês entenderam o espírito da coisa. Não. Não quero dizer que só vou a concertos, esses velórios musicais, também isso não me agrada. Isso já é coisa de uma elite que vive achando linda a “roupa nova do rei”.
Não estou criticando o show, o cantor, a cidade, ou o que seja. Só estou rogando pela minha liberdade de não ir. Não ir sem estranhamento. Não ir sem causar choque quando digo que não vou. Não ir e continuar sendo considerado normal. Não ir e não ver depois cara feia porque não fui. E não falo só desse show. Falo de onde vai “todo mundo”. Porque uma coisa é vontade, outra é espírito de rebanho.
Não vou e sou satisfeitíssimo da vida, para decepção de “todo mundo”. Não vou e sinto-me pleno por não ir, feliz mesmo porque não me faltam essas duas horas que “todo mundo” perdeu. Ora, chamem-me para qualquer roubada, menos para ir onde vai “todo mundo”.
“Não sei que prazeres e alegrias levam as pessoas a trens e hotéis superlotados, aos cafés abarrotados, com sua música sufocante e vulgar, aos bares e espetáculos de variedades, às Feiras Mundiais, aos Corsos. Não entendo nem compartilho essas alegrias, embora estejam ao meu alcance, pelas quais milhares de outros tanto anseiam.” (Hermann Hesse, em o Lobo da Estepe)
porque é mesmo isso, toda a gente segue "todo o mundo", somos bastante influenciados por isso, e à minima discórdia somos tratados como criminosos quase. todos querem ser difrntes e ter os gostos pessoais, mas nao vivem sem o "todo mundo" :)
ResponderExcluirTambém considero ruim o gosto do 'populacho'. 'Todo mundo vai' pra mim é mais sinal de má qualidade do que de qualquer coisa.
ResponderExcluirJá sofri muito com isso, essa obrigação de ser previsível. Já percebi muito de 'perseguição' proposital por isso, como por exemplo só se falar dum tal assunto que eu não compartilho. É dose, mas eu me orgulho de não me deixar levar pela mídia e ter gosto próprio.
É isso aew!
Isso é o grande problema... Chamaria isso de modinha, ou até mesmo de embalismo. Não saberia definir ao certo... todo mundo segue os outros e não querem ser "todo mundo", acham que estão sendo exclusivos com tamanha cópia. E o que eles ganham com isso? Esse beijo me liga... Francamente... Eu devo ser careta demais rsrs.
ResponderExcluirBeijos.
"uma coisa é vontade,
ResponderExcluiroutra é espírito de rebanho."
Adorei isso!
Um viva
à liberdade
de não ir! : )
Beijo,
doce de lira
"Porque uma coisa é vontade, outra é espírito de rebanho."
ResponderExcluirPerfeito!
^^
Bom, nesse caso aqui, vou ter que discordar com "todo mundo". Sempre me deparei com pessoas estranhas em toda a minha vida. A mais estranha delas, uma amiga de faculdade que pensava que nem o V.Linné, não ouço modinha, não Jovem Pan, não isso e aquilo. Eu fui ver do que ela gostava de fato. Umas coisas interessantes que só gente estranha gosta, digo: Ramones (entre outras, vamos entrar no assunto música). Agora é lógico, eu sempre fui contra ela, por ela ser contra "todo mundo". Pois não é porque ela ouve algo diferente que ela se torna fora desse "todo mundo". Fora do "todo mundo" seria se ela mesma criasse sua música, já que também tocava. Ou até que inventasse um novo estilo - que mais tarde viraria moda. O que eu quero dizer com isso tudo é que, NINGUÉM CONSEGUE SER DIFERENTE NESSA DROGA DE TERRA. Nem você, nem ninguém, muito menos eu, que estou criando poesia nova,(isso mesmo, sou poeta, amigo do V.Linné) sem cópiar, nem modificar de lugar algum. Não leio poesia de ninguém. Que se dane! E mesmo assim, vou acabar chegando em alguma coisa diferente daquilo tudo que já foi escrito. E as pessoas lerão isso aqui e me imitarão. Fazendo do meu "eu", o resto, tornarão coisa de "todo mundo". Se pensarem bem não passa de utopia e perca de tempo ter raiva com o resto das pessoas que imitam. Quer um fato? Olha naquela comunidade do Orkut chamada: Igual a mim, nem tirando cópia/xerox, clique no orkut dos cidadãos lá e pesquise sobre a vida deles. Vai encontrar um bando de cópias que se acham diferentes do "todo mundo". É uma idéia paradoxal e complicada de entender, mas é assim que funciona. E obrigado a "tudo mundo" que leu, viu? Eu já tornei vocês "todo mundo". XD
ResponderExcluirTalesman.
ResponderExcluirAqui, toma-se por "todo mundo" a maioria. A mídia das massas e as massas da mídia.
Há sim a maioria e há sim a turma dos "excluídos". Eu não estou querendo provar que sou original e blá, blá, blá. Nestes comentários mesmo, o que mais deu foi exceção.
Estou só dizendo que não sou obrigado a gostar do que é para se gostar. Gosto do que gosto. Não estou aqui para fazer tipo, nem para ficar de um lado ou outro.
Só acho insuportável quem hoje gosta de pagode, amanhã de sertanejo, logo depois de axé... Dependendo do que anda a fazer sucesso.
Eu tenho meus gostos e sou coerente neles. "Porque uma coisa é vontade, outra é espírito de rebanho."
Sobre sua frase: NINGUÉM CONSEGUE SER DIFERENTE NESSA DROGA DE TERRA.
Acho que você ainda não tentou o suficiente. Em matéria de escrita mesmo, eu não acho quem se compare à Clarice Lispector, ao Caio Fernando Abreu, ao Borges... Cada um tem seu estilo e cada estilo é único.
Pessoa fez poesia diferente. Quintana fez poesia diferente. Coronel faz poesia diferente...
Enfim.
Excelente! As tuas palavras resumem o sentimento que muitas vezes também me perturba. "Porque uma coisa é vontade, outra é espírito de rebanho" - isso é perfeito!
ResponderExcluirP.S.: E eu também não fui....e me sinto muito feliz por isso!