terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Um nascimento e um furneral


Hoje ele morreu.

Era esperado já. Bem esperado. Mas toda morte de alguma forma o é.

De qualquer maneira, eu precisava ainda dizer algumas coisas a ele. E como só sei dizer escrevendo, faço-o. Que ele consiga ler, esteja onde estiver.

Eu quero agradecê-lo, imensamente. Apesar de alguns desentendimentos, ele foi bom comigo. Muito bom, na verdade. Ele me fez realizar um sonho grande. Sonho daqueles que quando contamos, até riem de nós. Eu não esperava que tudo fosse tão simples, tão rápido, tão fácil. Eu não esperava poder me assumir escritor de modo tão sem dores. Eu não esperava o reconhecimento que chegou, derrubando frutos e lançando sementes que ainda estão por brotar.

Eu preciso agradecer também porque ele me apresentou muita, muita gente. Ele me fez conhecer pessoas incríveis, repletas de bons sentimentos, de sabedoria, de ideologias, de poesia e de força. Gente em quem eu agora me inspiro. Também agradeço pelo outro tipo de gente... sempre precisamos ver como a maldade é, que sorrisos tem, que coisas quer. Sempre precisamos ver o que queremos evitar ser.

Obrigado por me ensinar que sonhos são possíveis, que a mudança move a vida, que a procrastinação nos fazer perder muito (especialmente tempo), que o silêncio pode ser também inspirador, que nem toda ofensa precisa de resposta, que nem toda ação precisa de motivo, que nem toda oração precisa de sujeito. Obrigado por me ensinar que a distância também aproxima, que amizades são amores melhorados, que sentimentos também podem ser reciclados – ou descartados. Obrigado por me mostrar como nossas prioridades sempre estão mudando, como não controlar tudo pode ser bem mais divertido, como é bom se afastar daquilo que não nos deixa dormir.

Obrigado por me ensinar que ouriços também têm lá sua elegância, que falar também é um fazer e que ilusões também se quebram – sozinhas, cedo ou tarde. Obrigado por me mostrar a importância de ter alguém ao lado, para poder confiar, sorrir ou mesmo brigar. Obrigado por provar que nenhuma espera é vã, que todas as rodas da fortuna giram, que ninguém é muito mais do que seu próprio âmago, não importa quanto valor dê ao que está por fora.

É... hoje ele morreu. De coração acelerado, batendo em mil lugares, espocando feito fogos no céu. Hoje ele morreu enquanto brindávamos, ríamos e comíamos as famosas lentilhas de todo ano. Ele morreu e porque ele morreu tivemos banquete e champanhe.

Mas foi porque ele viveu que tivemos lembranças e conquistas e o que comemorar.

Adeus, ano velho.

Obrigado, mais uma vez, por tudo. Que seu irmão mais novo, nascido ainda esta noite, seja tão bom quanto você foi. Ou, se possível, melhor.

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