quarta-feira, 1 de maio de 2013

Da tabuinha sobre seu colo


Eu queria poder entender tão pouco a ponto de pegar um papel de pão, o estojo com lápis de cor, e fazer um desenho para que você ficasse bom. Eu queria escrever em letra torta e colorida que sinto sua falta (que o amo) e que estou com saudades.

Eu mandaria para você o papel dobrado e saberia que, ao vê-lo, você sorriria e pensaria em mim. Eu queria depois ligar a outra pessoa perguntando se você tinha visto e se tinha melhorado. E eu queria ouvir, então, que sim, que você havia sorrido, levantado e dito que voltaria já pra casa, que já estava bem melhor e era hora de me ver de novo.

Mas...

Não há mais espaço para guardar papel de pão.

Os lápis de cor estão quebrando por nada, de velhos que são.

Minha letra não consegue ser torta outra vez.

Minha esperança encolheu toda a ponto de caber num bolso de trás.

Mesmo assim, mesmo sem desenho, mesmo sem cor, mesmo sem pão ou esperança, por favor, fique bom. Por favor, só isso, vô, fique bom.

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