segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Réquiem de Rosa Triste

"O importante é a rosa"

Assim, no meio da tarde, minha amiga, te imagino dando a aula e caindo no chão. Talvez na quarta série, falavas tanto dos teus alunos da quarta série...
Tão triste, minha colega, morrer assim, no meio da tarde.
Deixou-nos cedo, sem que esperássemos. Agora, chocados e entristecidos, olhamos uns para os outros, esperando que alguém diga ser mentira.
Lembro da nossa última conversa, reclamávamos da aula, acho que de Português. Leoni, minha amiga, não farás a prova de Português.
Teus livros, teus cadernos, teus trabalhos, tuas provas, nunca mais, Leoni.
Agora eu vejo que conversamos tão pouco, rimos tão pouco, festejamos tão pouco... Eu não sei nada de você.
Sei que tens um filho, às vezes bancava também a nossa mãe.
Sei que tens um ex-marido, às vezes nos dizia para não casarmos.
Sei que Achavas umas pestes aqueles alunos da quarta série...
Diga, Leoni, morreste assim, na frente deles?
Eu só consigo visualizar esta cena.
Tia, a Profe está morta!
Ah, Leoni, e tuas passagens de ônibus, e teu chapeuzinho de lã, e os óculos para nossa miopia?
Minha amiga, tanta vida e você se deita no piso no meio da tarde?
Tua voz ainda é nítida na minha cabeça, teu rosto, teu jeito de arrumar os cabelos curtos, teu riso, tudo tão vivo. Você vive em cada um de nós, mas fora isso, preparam seu corpo para o extenso funeral.
Choramos.
Choramos porque dói ver que partiste para sempre, choramos porque dói colocarem nossa colega debaixo da terra.
Onde estás, Leoni?
Dúvidas, incertezas, lágrimas e sutilezas.
Ah, minha amiga, teu filho, teus amigos, teus alunos, teus colegas?
Onde eles estarão sem ti?
Seguiremos; vivendo porque a vida é necessária
Quanto a você, querida amiga, descanse em paz, esteja onde estiver.



PS: Sabe, Leoni, estou fazendo uma série fotográfica chamada Les Fleurs. Eu havia prometido não colocar rosas, porque são, ao meu ver, banalizadas demais, foram simplificadas demais.
Mas, minha amiga, percebo eu agora, é nas coisas mais comuns, mais triviais, mais banais, que está o sentido da vida. Receba esta rosa como minha singela homenagem. E, apesar das cores, assim alegres (sei que irias preferir dessa forma), a palavra tristeza marca o que conhecemos por alma.

Um comentário:

  1. Nossa Vini... sinto muito pela sua colega.
    Não é fácil perder alguém querido. A morte nunca é esperada, por mais que a ela todos se destinarão...
    Fica bem.. Beijo

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