sábado, 17 de janeiro de 2009

Às asas de um anjo

"Hay cosas que te ayudan a vivir
No hacías otra cosa que escribir
Y yo simplemente te vi"


E o que isso muda para mim?
Tudo.
Agora eu posso escrever no céu aberto e na grama verde. Posso escrever no ônibus escuro e na pedra fria.
Agora eu escrevo olhando as pombas se banharem no jardim, escrevo vendo a chuva cair do mesmo lugar onde sentava quando era criança.
Agora desabafar é mais fácil.
Eu escrevo ao som rangido de duas rodas de bicicleta, ao o canto dos pássaros e às vozes das gentes distantes.
Eu escrevo longe. Longe dos ditames daqueles demônios que prendo no meu quarto. Longe dos meus fantasmas tão caros e vergonhosos.
Escrevo enquanto o orvalho seca nas folhas, enquanto o vento sussurra nas árvores e enquanto o dia cai lentamente.
Agora eu escrevo no negro da noite e nos dedos da lua. Eu posso escrever ouvindo as estrelas e o barulho dos grilos.
Eu escrevo usando as lágrimas, escondendo meus gritos.
Porque a vida, velho sonho de menino, agora volta com mais sentido, quando escrever é tudo que posso, é tudo que quero, é tudo que faço.



2 comentários:

  1. Eu praticamente senti cada linha em mim. É estranho não notar sombrar ou escuridão numa escrita desse gênero.
    É tão difirente, tão pouco usual que mexe coma gente...
    Seja o que te fez ver assim, continue.
    Não há modo melhor de falar da vida do que partindo da sua essência...

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  2. A escrita... essa singela "pessoa" que nos mantém VIVOS !!!!
    A escrita... esse bom "veneno" que ora nos mata, ora nos anima...
    A escrita, essa nossa VIDA !!!

    (Que bom que voltou... parece-me que um pouco oxigenado e isso é bom !!!)

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