Chove.
Já viste meu corpo nu na chuva?
Dele todo sai vapor de água.
Esfumaço feito o diabo.
Sou quente?
Não.
Porque por dentro há muito frio.
Gelo seco.
Molhado, porque chove
os olhos pesam.
A água escorre e lava
o sal de algum choro escondido.
Eu recolho meus choros pra mim
e me dou de beber.
Agora chove.
Gota por gota na minha pele.
O frio arde.
O vapor queima.
Deito nu num chão de pedras coloridas.
Fecho os olhos, como se adiantasse
- é escuro -
também por dentro.
Da chuva cada pingo me faz carinho.
Mas só depois de cair agudo, flechado.
Mordidas e beijos e sopros.
Sozinho.
Na chuva.
Só porque chove.
E pela chuva eu sou amado.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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Por que eu nunca consigo comentar esses teus textos maravilhosos?
ResponderExcluirResta dizer: é lindo. Te admiro um monte, meu amigo.
E nem era pra ser.
ResponderExcluirEsse foi desabafo. Em poemas eu ando enferrujado. Nem gostei. Publiquei por uma frase de que gostei realmente. A mesma que a Lidi deu RT.
De qualquer forma, valeu, Renata. :D
Ai. De tão lindo dói.
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