À Srta. P.
Volto. Volto para passar a mão nas letras da parede. Volto para o abandono de lar, para a ruína erguida, para os tijolos sem casca.
Volto para o capim alto crescendo na cozinha. Para as janelas levemente despencadas e estendidas e entediadas e enfadonhas. Volto para ver os sapos no sofá. As salamandras de olhos muito caviarescos escorrendo lânguidas nas cortinas.
Eu volto sem pensar, sem entender. Eu volto para amar cada pingo de poeira que balança blasé no ar. Eu volto procurando mais pingos, mais pontos, mais vírgulas. Mas vírgulas não há.
Ainda assim eu volto. E no caminho de volta eu imagino encontrar na mesa de três pernas um buquê de rosas novas. Num halo de luz solar.
Buquê não há. Se houvesse...
Entenda. Eu volto, sempre.
Por que você não?
Eu volto sempre aqui, mesmo demorando. Deixo dálias.
ResponderExcluir