Todo dia ele acaricia tua porta. Ele não bate nela. Não pede para entrar. Não toca a campainha. Ele passa a mão, bem de leve, como se na madeira sentisse teu rosto, teu corpo, tua alma. Todo dia ele para na porta. Como se entrar fosse proibido, parto de todo castigo, todo pecado, todo crime. Todo dia.
Todo dia ele espera te encontrar, por acaso. Todo dia ele pensa em te abraçar bem forte, sem dizer nada, sem pedir perdão, mas também sem perdoar. Ele queria, só um dia, ser maior do que o próprio orgulho. Ele queria voltar pra tua casa, pros teus olhos, pra tua boca. Ele queria morar – amar – do outro lado da porta.
Todo dia ele vem, e depois desce as escadas, sozinho. Todo dia. Enquanto você espia. Pelo olho mágico.
V. Linné,
ResponderExcluirNão resisti olhar teu blog pelo olho mágico, entrei e dei de cara com essa construção poética ...não dá para ficar do outro lado da porta!
Um abraço, Marluce
É quase desolador (no fundo, é desolador mesmo). Dois solitários com ambições, mas contidos. Muito bom o seu texto, muito bem escrito.
ResponderExcluirAbç!
Profundo,enigmático e reflexivo.
ResponderExcluirótimo texto!
Ah, lindo seu canto!!!
ResponderExcluirLinkando e seguindo!
Voltarei com mais calma!
Sempre imagino um final feliz para seus personagens. Mas finais felizes todos esquecem...
ResponderExcluir