segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Gosto muito de você, leãozinho..."

Meu pai sempre foi de economizar, especialmente com as "porcarias" para mim. Mas lembro de uma tarde em que fui junto com seu caminhão, cidade estranha, de nome há muito esquecido... Em uma loja de beira de estrada, havia um leão de pelúcia. Um Simba. Era bonito. 

Bonito diz pouco. Era lindo.

Tomei a ousadia de pedir, esperando a recusa. Se minha mãe estivesse junto, eu conseguiria facilmente, imperador que era dela. Do meu pai eu esperava uma franzida de testa, uma exclamação de como era caro - e era, realmente - , de como os tempos estavam difíceis... De tudo eu esperava. E de todas as alternativas, só o que eu não esperava era aquele leão nos meus braços.

Meu pai me olhou, olhou para o bichinho. E de alguma forma ele soube minha necessidade tê-lo. Necessidade que mesmo eu não saberia explicar. Sabia era colocá-la nos olhos. Não houve protestos. De carinho imenso, ele pediu o leão sem nem perguntar pelo preço. Naquele dia eu soube que ele me amava, mesmo que não demonstrasse isso sempre.

Da infância toda e da minha voracidade em descobrir a vida que havia por dentro - inclusive do que não tinha vida - o leão sobreviveu.

Enquanto escrevo, eu olho para ele. Ele me olha de volta e sorri. Então eu entendo. Se naquele tempo meu pai, tão defeituoso herói, era imenso a ponto de me amar, isso significa que eu também posso; se tentar bastante.

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