domingo, 20 de julho de 2008

Céu de Giz

"Eu desço dessa solidão..."

Os olhos. A fotografia escondeu os olhos, mas eu posso imaginá-los, de cílios tão longos quanto o olhar, íris em tons cuidadosamente pintados à giz. A boca está à mostra, vermelha e carregada de sons quentes. Nada ouço, estática, imortalizada em filme fotográfico. Não me é tátil sequer a fotografia, mas posso sentir o calor de seus beijos, as coisas doces que gemeria em meus ouvidos ao cair da noite, os arrepios que desenharia no meu corpo.
A cera, das velas, pingaria lentamente iluminando a ilusão do quarto, a solidão dos prédios, a solução dos cálidos corpos. Minhas mãos se perdem na pele tão alva, dedos fáceis de toque leve desenhando seus contornos, rabiscando seus sentidos.
E sei que você pode me sentir, no calor da tarde, na distância dos passos, no vôo dos pássaros, no frio das telas. Você olhou meus olhos? Tudo que não posso é ver os seus. Mas imagino. Olhar mau, hipnótico, enlouquecedor. Convidam-me à tua vida, carregam-me à tua cama, cantam-me outra música.
Eu vou chorar quando a manhã chegar, quando for inevitável acordar, quando só puder esquecer, quando você me pedir para ir embora, tendo nos olhos minha mesma vontade de ficar.
Há algo, eu sei, necessário esconder de mim no teu olhar. Agora eu volto à rotina, a todo riso falsificado, a todo papo furado. Se eu, por descuido, tivesse visto estes olhos que me negas, não teria outra vida, senão a que me desenharias, à giz, sempre.

2 comentários:

  1. Ow Brother, você mudou de msn? Lembra de mim, falavamos por Msn... Sou o Reginaldo Junior de Goianésia, me adicione no teu MSN ou me desbloqueie (rsrsrs) (regijunior@msn.com).
    Jesus te ama cara, saiba que você é importente pra mim!

    ResponderExcluir
  2. E quando os olhos não são revelados e sob a sombra se escondem? Pequenos que são, menores ainda ao riso, camuflam-se deixando apenas entreaberta sua alma...

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário.