Eu gosto de atravessar a cidade bem cedo, quando o céu ainda está roxo de frio. É bom sentir o vento e a liberdade de ter um dia inteiro, todo novo e bom pela frente. As pessoas andam apressadas, sempre atrasadas para o trabalho. Os adolescentes andam falantes, sempre adiantados para a escola. Eu ando apenas livre.
Vou de mangas puxadas, passos soltos, pensando. Talvez em nada, talvez em você, talvez em mim. Cumprimento alguns poucos dos que conheço e que quero cumprimentar. O jornalista com quem trabalhei, por exemplo. O jornaleiro jamais me vê, mas nos encontramos todas manhãs, como em um ritual.
Um carro passa com música alta e eu me eriço todo. É de alguma banda ruim (com loiras – ou morenas – que jogam demais os cabelos), uma afronta à manhã bonita. Só blues combinaria, mas as pessoas daqui não gostam de blues.
As pessoas daqui também não gostam de mim. Isso eu leio nos rostos, mas é tão cedo ainda...
Minha nossa. Você não é o único. AH, mas é TÃO LINDO ver o sol nascer! Acordar as quatro da manhar e ver o céu mudar de cor com a chegada do astro-rei!
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