Sim, eu uso a arte como droga e escrever já não me serve. Feito viciado, sempre em busca de coisas mais fortes, de doses mais altas, agora persigo os traços do desenho. Escrever já me bloqueia os sentidos, ainda mais quando tudo no mundo escreve. De cada poste as letras caem, amontoam-se nas sarjetas, sobrepujam as valas sujas. As palavras vendem-se a quem quiser, caem das bocas sem dentes, escorrem pelos lápis dos bastardos, corroem as vitrines das lojas. De repente todos são escritores, poetas, contistas, blogueiros. Grandessíssimos filhos das putas. Fiquem então com estas palavras sujas, essas letras vomitadas, essas rimas podres. Nada disso me interessa mais.
De repente os traços finos, os sombreados negros, as luzes que se obtém pelo apagar. Talvez a ilusão na folha, o perpassar do mundo, os ângulos retos que me entortam. Quem sabe as arestas pretas, as aquarelas foscas, os coloridos vagos... Poder ser. Pode ser que ali resida minha nova catarse. Meu fluir, meu viajar, meu nirvana noir, minha pulsão de sangue, meu abrir de veias, minha expurgação de demônios, meu vôo de anjo, meu canto de maldito.
Eu preciso da arte. Mas mais do que dela, preciso de um quarto onde eu possa ficar sozinho. No da escrita já tem gente demais.
De repente os traços finos, os sombreados negros, as luzes que se obtém pelo apagar. Talvez a ilusão na folha, o perpassar do mundo, os ângulos retos que me entortam. Quem sabe as arestas pretas, as aquarelas foscas, os coloridos vagos... Poder ser. Pode ser que ali resida minha nova catarse. Meu fluir, meu viajar, meu nirvana noir, minha pulsão de sangue, meu abrir de veias, minha expurgação de demônios, meu vôo de anjo, meu canto de maldito.
Eu preciso da arte. Mas mais do que dela, preciso de um quarto onde eu possa ficar sozinho. No da escrita já tem gente demais.
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