Se eu não fosse eu, como o outro escreveria? Não. Comigo não funciona. Meu sangue é forte e domina. Algum outro escreveria, irremediavelmente, igual a mim. Ou preencheria as linhas, enquanto eu penetraria as entrelinhas. É porque eu me entrego sempre. Em todo texto. Eu me devoro nas palavras. Eu me redimo nas mentiras. Eu navego em meus mares e não consigo sair deles. É que se eu me disfarçasse, ainda seria eu. O não-eu me dói, despersonifica. Um de nós acabaria ganhando. Não sou homem de divididas. E se o outro então ganhasse, se impusesse sobre mim? Como saber se não é ele o mais forte? Não, não, não. Criar alguém é perigoso. Quem tentou sabe.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Mas se "criar alguém" é o que mais se faz. Ou o mundo não estaria cheio.
ResponderExcluir