É assim: eu olho para ver como eles fazem e tento, então, fazer igual. Igual não sai. Não sei moldar do mesmo barro, fazer tudo seguir o fluxo certo, criar a história, tecer o fim. Não sei.
Perco-me no caminho e nas suas beiradas, escorro pelos rios que só cuidam de fluir e fico assim, meio terra, meio nuvem de se caminhar por cima. Porque a mim não interessam os finos seres de papel etéreo. Não interessam enredos nomenclaturas tempos cenários espaços. A mim só interessa o que escorre por dentro (de mim). Interessa o sentimento, nomeá-lo, dissecá-lo e expressá-lo, enfim, seja bicho ou árvore.
Porque o que eu sinto não tem história. Não cabe nos dias normais, no conto cotidiano, na crônica modesta. O que eu sinto é poesia líquida. E a expresso por prosa lânguida. Não sei fazer de outro jeito. Não sei fazer como eles fazem, ou como eles mandam fazer.
E assim perco tempo, buscando caminhos que levarão a prisões de ferro e de concreto apodrecido. Engaiolo os adjetivos e com eles perco a estabilidade das nuvens de giz. Domo a imaginação e, assim, perco a selvageria da palavra não dita. Enquadro tudo nas regras medindo com réguas a gramática certa, só para perceber que no fim, não disse o que sentia dizer. Cuido para não fazer rimas e perco as meninas dos olhos de quem me lê.
Não sei. Não sei ser senão eu escrevendo. E tortura máxima é sentir que eu eu não poderia ser. Porque está errado pelo que Eles fazem, e errado pelo que Eles dizem. E eu só queria minha prosa padrão, capaz de enganar e ganhar concursos de curta duração. Mas não sei fazer conto, não sei fazer poesia. Sei fazer isso que fiz. E não sei que nome tem.
sobrevivendo por escrever.
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