"On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux"
O meu passado todo em duas sacolas gigantes e algumas caixas vazias espera, sorumbático, que lhe carregue o caminhão do lixo.
Meu Deus, dói. Dói como doeria queimar uma biblioteca. Dói como doeria arrancar um coração.
Vão ao pó meus primeiros escritos, meus muitos sonetos em canetas infantis e coloridas, sempre chorando amores que jamais se realizaram.
Hoje vai embora, vai ao lixo tudo que eu senti, todos amores tolos, todas as rimas fracas, todos bilhetes insanos e todas estas cartas que nunca tive coragem de entregar.
Eu poderia ter tido mais calma, ter lembrado mais, ter ensaiado um último adeus, mas não sou tão forte, joguei os papéis na sacola com fúria e teria queimado se o volume não beirasse surreal.
Agora está lá fora, sozinho, o meu passado. Olha para a casa, choque entre a mágoa e a melancolia. Ele sabe que nunca mais, nunca mais, poderá ficar aguardando que eu lhe torne às lembranças. Nunca mais um lugar no armário, nas gavetas, nas caixas. Nunca mais fotografias que eu faço questão de esquecer. Nunca mais bilhetes que eu já deveria ter queimado.
Adeus então.
Sem máculas, sem mágoas, lá vão meus brinquedos de criança, minhas cartas de baralho, meus trabalhos escolares, minhas belas redações. A professora mandou que eu publicasse uma no jornal, agora ela será publicada no lixão. Belíssima redação. As músicas que ninguém jamais soube que compus, anotações estagnadas sobre a magia, as primeiras linhas do meu primeiro livro, tudo escoa, tudo se esvai... enquanto aguarda com calma que passe o caminhão.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux"
O meu passado todo em duas sacolas gigantes e algumas caixas vazias espera, sorumbático, que lhe carregue o caminhão do lixo.
Meu Deus, dói. Dói como doeria queimar uma biblioteca. Dói como doeria arrancar um coração.
Vão ao pó meus primeiros escritos, meus muitos sonetos em canetas infantis e coloridas, sempre chorando amores que jamais se realizaram.
Hoje vai embora, vai ao lixo tudo que eu senti, todos amores tolos, todas as rimas fracas, todos bilhetes insanos e todas estas cartas que nunca tive coragem de entregar.
Eu poderia ter tido mais calma, ter lembrado mais, ter ensaiado um último adeus, mas não sou tão forte, joguei os papéis na sacola com fúria e teria queimado se o volume não beirasse surreal.
Agora está lá fora, sozinho, o meu passado. Olha para a casa, choque entre a mágoa e a melancolia. Ele sabe que nunca mais, nunca mais, poderá ficar aguardando que eu lhe torne às lembranças. Nunca mais um lugar no armário, nas gavetas, nas caixas. Nunca mais fotografias que eu faço questão de esquecer. Nunca mais bilhetes que eu já deveria ter queimado.
Adeus então.
Sem máculas, sem mágoas, lá vão meus brinquedos de criança, minhas cartas de baralho, meus trabalhos escolares, minhas belas redações. A professora mandou que eu publicasse uma no jornal, agora ela será publicada no lixão. Belíssima redação. As músicas que ninguém jamais soube que compus, anotações estagnadas sobre a magia, as primeiras linhas do meu primeiro livro, tudo escoa, tudo se esvai... enquanto aguarda com calma que passe o caminhão.
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