domingo, 4 de abril de 2010

Instruções de como bancar o burro.

Quem cunhou a expressão emburrar-se na certa estava se referindo a teimosia dos burros empacados. Apesar disso, por uma dessas maravilhas que é o isomorfismo, a expressão adequou-se bem em outros aspectos.

Para mim, realmente, quem adota a postura de fazer birra emburra-se, ou seja, torna-se burro. É bonitinho e até natural quando se tem cerca de cinco ou seis anos de idade. Passado isso, é infantilidade ou perda de tempo.

Qual o princípio que move o emburrado? Eu queria realmente compreender. A pessoa espera que, com silêncios angulosos e caras tortas, possa atingir o outro de alguma forma? Só para eu saber, eu deveria, por exemplo, ficar remorsado porque o outro decidiu que não falaria e ficaria com a expressão de peixe colérico pelo dia afora?

Não. A mim o burro não pega mais. Se alguém decide perder tempo com jogos infantis eu é que vou fazer outra coisa do meu dia. Se passar horas emburrado vai trazer alguma vantagem ou felicidade ao próximo, ótimo. Delicie-se. Sem esperar, no entanto, que isso me atinja de alguma forma. Ou que vou implorar desculpas sem nem motivo ter. Que cada um aproveite o tempo como lhe aprouver. Uns brincando de  gente, outros brincando de burro.

No fim, quem perdeu a oportunidade estar feliz não fui eu.

Um comentário:

  1. E é tudo tão breve que perder os momentos emburrado é a maior de todas as burrices.

    Muito bom o texto.

    Beijo, Vinicius!

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