segunda-feira, 8 de março de 2010

Do Mestrado

Se a primeira impressão do meu Mestrado precisasse com urgência ser encerrada em só uma palavra, eu me sentiria perdido. Simplesmente não saberia optar entre “surreal” e “fascinante”, de tão grande modo que nas duas caberia minha experiência.

Surreal porque se descortina para mim todo um mundo de impossibilidades. Como se no abrir de um livro eu pudesse ver concretizados todos os sonhos doidos do próprio escritor. Não é possível, simplesmente não é crível o fato de que existe um lugar assim; em que letras têm valor.

Eu cresci ouvindo que letras são besteiras. Que profissão de homem é ser advogado, médico ou contador, não troca-letras. Que poemas são frescuras. Que a leitura só pode fazer mal. Que gastar com livros é desperdiçar dinheiro. Que artistas são um bando de vagabundos. Eu cresci em mundo todo feito contra quem é feito de papel.

De repente vejo poemas espalhados no ar. Livros libertando sonhos. Textos pintados nos muros. Personagens da minha infância vagando soltos. A leitura tendo destaque inusitado. A literatura como coisa séria e a escrita como um talento fantástico. Tudo deliciosamente surreal.

Fascinante porque é impossível não se deixar conduzir por todo esse tropel mágico que fala de livros e vê pinturas e ouve músicas e assiste peças e escreve poesias de rimas ricas.

Surreal e fascinante porque mostra que existe o mundo que eu quero, o mundo que eu invento a partir dos livros, o mundo em que ouso brincar de escrever.

2 comentários:

  1. Que texto lindo, Vini!
    Posso imaginar o brilho no teu olhar...

    Parabéns... Por você ser quem é e estar onde está!

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  2. Cara, que bom que vc tá se sentindo assim!

    Esse ao eu passei em filosofia na unicamp e história da arte na unifesp... e ainda não sei onde ficar. Não sei o que eu gosto mais, ou o que é melhor pra mim. Ao invés de star feliz, estou angustiada mais que nunca. =[

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