Meu poeta pegou todas minhas rimas tortas e foi ali comprar cigarros. Depois de algum tempo lembrei que ele não fuma. Desgraçado. Fiquei aqui. Desolado. De lado. Inutilizado. Sem letras, sem rimas, sem escritas para me salvar o resto de alma.
Eu mudo. Ele deve ter se mudado, cansado de minhas enfadonhas críticas de marido suburbano. Poeta é sempre sentimental. O que me restou foi esse nada racional, a discorrer sobre o patético e a Poética na mesma frase inacabada.
Ficamos então sem fim, sem estrofe, sem metro. Ficamos sem sentido, de repente. Falta o que dizer, porque, entendam, ele me roubou as palavras todas. Armário vazio, gavetas limpas, até os trocados. Ele disse que eram para o cigarro.
Sou alérgico a cigarros. Ele não fuma. Somos o mesmo, o homem roubado e o poeta fugitivo. Se não escrevo, portanto, é porque me falta material. Pega Ladrão!
Conheço bem esse ladrão ;)
ResponderExcluirSeguido passa por aqui...
Mas ninguém consegue prendê-lo!