terça-feira, 20 de abril de 2010

Verdes Brotos

Às vezes eu preciso deitar no escuro para ouvir meus brotos crescerem. Esquecer do relógio, esquecer das nuvens, esquecer das letras, das linhas, dos malabares. Preciso só ouvir aquilo que tvida tem de verde e que teima em existir dentro de mim. Deixar que ramículos se enrosquem nos meus cabelos, agarrem-se nos travesseiros, perfurando a frigidez da pele e soltando folhas inusitadas.

Eu preciso dessa calma para alguma coisa nascer (“se nascer, é tudo tão incerto”). Eu preciso sentir os caules brotando nos meus dedos, buscando uma luz que a escuridão da noite nega. Preciso ver este verde-esperança inundar meu corpo, procurando ar, trazendo vida.

O que eu faço destes brotos? Ora, nada. Quando abro os olhos eles já não existem, recolhem-se rápidos ao interior do corpo estranho. Debaixo da pele, porém, eu sei que restam as sementes.

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Esperanças à parte, meu conto continua esperando por comentários na Revista Ficções.
Valeu.

2 comentários:

  1. Sementes já são alguma coisa... Qualquer hora dessas elas brotam, nem que seja às custas das lágrimas que encharcam a pele.

    Abraço, Vini.

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  2. Comentário merecido na revista ficções. Não é porque te conheço e porque adoro os seus contos, nem porque me indentifico com cada um deles... é porque gostei mesmo.

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